Em Mãe do Rio, a cerca de 196 km de Belém, as operações de um projeto de reflorestamento biodiverso vem mudando a paisagem de áreas degradadas. Onde antes predominava o desmatamento para abertura de pasto, hoje são plantadas árvores que geram novas perspectivas para a população local. As informações são do Valor Econômico.
“Quando derrubávamos uma árvore, sentíamos um remorso. Mas derrubávamos por necessidade, para sustentar nossa família, porque vivemos muito essa cultura de roças e de derrubar a floresta”, contou Valderi Monteiro da Costa, funcionário da Mombak na fazenda Turmalina.
Valderi é um dos 70 funcionários da fazenda adquirida pela startup que aposta na regeneração florestal para venda de créditos de carbono de alta integridade. Somente na fazenda Turmalina cerca de 2 mil hectares do total de 2.400 totais já foram reflorestados.
“Trabalho há quase um ano plantando mudas e sinto uma satisfação imensa ao pensar que cada muda é uma contribuição para termos um ambiente melhor”, diz o trabalhador.
A experiência em Mãe do Rio é a apenas a primeira de um projeto ambicioso que pode chegar a 30 milhões de árvores plantadas nos próximos anos. Com o mercado de remoção de carbono em alta, acordos com industrias do porte da Microsoft e McLaren e mais os investimentos acumulados da ordem de US$ 120 milhões, a Mombak vê potencial para o crescimento consistente de uma atividade que tem como premissa a valorização da floresta em pé.
“Até 2050, a humanidade vai ter que tirar da atmosfera, todo ano, 10 bilhões de toneladas de CO2. E hoje, esse mercado inteiro de remoção de carbono remove apenas 5 milhões. O mercado de carbono precisa crescer 2 mil vezes e o reflorestamento oferece a maior oportunidade para aumentar a quantidade de remoção de carbono”, analisa o CEO Peter Fernandez.
Para isso, a empresa foca seus esforços não apenas na execução do reflorestamento, mas também ajuda a criar um ambiente favorável ao desenvolvimento de negócios que deem suporte a essa estratégia.
Um exemplo disso ocorre com a produção de mudas. Atualmente, as espécies nativas plantadas são oriundas da criação em viveiros dos estados da Bahia e São Paulo. Porém, com ações de transferência de tecnologia, novos empreendimentos estão sendo atraídos para a região, como é o caso de um viveiro que será implantado no município de São Geraldo do Araguaia.
“Estamos estabelecendo parcerias com viveiros no Pará para aumentar nossa capacidade de produção de mudas. A intenção é criar um hub em torno de nosso projeto, movimentando a economia local e incentivando o crescimento da produção de mudas na região. Isso facilitará nossa logística e reduzirá nossos custos, além de impulsionar a economia da região”, pontua o diretor de Operações da Mombak, Mario Grassi.
Com os investimentos já anunciados, a expectativa é que 25 florestas em áreas desmatadas sejam recuperadas no bioma amazônico brasileiro, o equivalente a cerca de 30 mil hectares ou sete vezes a área do arquipélago do Marajó.
“Hoje, a maior oportunidade que a humanidade tem para remover carbono da atmosfera é com reflorestamento, porque há áreas absolutamente gigantescas desmatadas no mundo, especialmente no Brasil”, ressalta Peter Fernandez.