Com 24,7 milhões de cabeças de gado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Pará detém o segundo maior rebanho bovino do Brasil e uma posição de destaque na pecuária, O objetivo do estado é ter uma atividade mais sustentável até 2026 com o plano de rastreabilidade individual de todos os animais em um projeto que chamou a atenção do empresário Jeff Bezos.
A Bezos Earth Fund é uma das financiadoras do Programa de Integridade e Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Pecuária de Bovídeos Paraenses com um aporte de R$ 80 milhões. A JBS também dá apoio financeiro ao projeto elaborado em parceria com organizações da sociedade civil e do terceiro setor.
Essa experiência está entre as apostas da entidade filantrópica criada pelo ex-CEO da Amazon na busca por soluções para transformar os processos na produção de alimentos, levando em conta as relações com o clima e com a natureza. A pessoa responsável por essa missão é Andy Jarvis, diretor de Futuro dos Alimentos da Bezos Earth Fund que concedeu entrevista à AGFeed.
“Temos de enfrentar a crise climática, reduzir as emissões, colocar mundo em direção a mais sustentabilidade. Esse é o grande compromisso do fundo. Temos US$ 1 bilhão comprometido com a área de alimentos até 2030. E é disso que eu preciso”, disse Jarvis.
Sediado em Medellin, na Colômbia, o executivo tem se dedicado a ações na América Latina, com interesse particular na Amazônia e no Pará, onde as experiências ganharam maior visibilidade devido à realização da COP30 em Belém e do compromisso do estado de acabar com o desmatamento ilegal.
“É uma meta extremamente ambiciosa, mas muito nobre, que acho que o mundo precisa apoiar”, destacou.
No caso da rastreabilidade de gado, Andy Jarvis detalhou que a ideia é desenvolver projetos piloto em diferentes municípios paraenses. O recurso investido deve custear o processo de implementação e estudos para o desenvolvimento de sistemas, banco de dados e processos de verificação do trânsito de animais.
A médio prazo, o objetivo é ter um sistema útil tanto para os produtores e redes varejistas que poderão acessar novos mercados quanto para os consumidores, que poderão adquirir carne com a certeza de que sua origem não está ligada ao desmatamento ilegal.
“O estado do Pará poderá, potencialmente, acessar o mercado europeu. E também receber alguns dos grandes compradores do setor privado, como McDonald’s e Cargill e assim por diante”, analisou Andy Jarvis.
Na entrevista, o executivo também ressaltou que a entidade está preocupada também com o fomento a tecnologias que ajudem a reduzir as emissões de metano oriundas da pecuária e o manejo rotacionado de pastagens, a exemplo do que ocorre no sistema ILPF.
Além disso, há ações junto a instituições financeiras visando incentivar o direcionamento de crédito para fazendas, agricultores e organizações comprometidos com uma produção mais sustentável, bem como a inserção de produtores rurais em estratégias do mercado de carbono.
“Podemos acessar mercados de carbono para que pecuaristas possam obter renda adicional por causa dos benefícios de carbono que trazem com práticas aprimoradas”, ressaltou Jarvis.