Oito em cada dez adultos (78,6%) que vivem em capitais brasileiras mantinham, em 2023, uma alimentação sem a quantidade mínima de frutas, legumes e verduras recomendadarecomendada pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), que é de 400g/dia/pessoa. Esse índice poderia melhorar com um gesto simples: o fomento à produção na zona urbana.
Para se ter uma ideia, em Belém, a área de expansão da produção de alimentos nas cidades em 344 hectares de áreas ociosas teria capacidade para produzir 19.405 toneladas de hortaliças e macaxeira, o que a abasteceria 1,7 milhões de pessoas por ano.
A conclusão é de um estudo do Instituto Escolhas e da Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
Para os especialistas do Instituo Escolhas, fortalecer e ampliar a produção de alimentos nas cidades e em seu entorno pode ser a chave para disponibilizar alimentos frescos, saudáveis, diversificados, em quantidades adequadas, produzidos de forma sustentável e financeiramente acessíveis, contribuindo, assim, para a promoção da saúde da população.
Como se sabe, a má alimentação contribui para o aumento de peso e obesidade, além de ser fator de risco para o desenvolvimento de doenças como câncer, diabetes, doenças cardiovasculares e respiratórias.
“Quando o alimento é produzido perto dos consumidores, há potencial redução dos custos de transporte e comercialização, que se reflete no preço final. Circuitos curtos de comercialização estimulam a venda direta dos alimentos produzidos pelos agricultores locais aos consumidores das cidades, sem a necessidade de muitos intermediários ou deslocamentos”, afirmam.
Além de contribuir no combate a fome e de melhorar a saúde da população, principalmente para as pessoas que estão em situação de vulnerabilidade social, o estudo afirma que o estímulo à produção de alimentos nesses territórios tem grande potencial de contribuir para a geração de renda,
O que fazer?
Os estudiosos alertam que não basta fomentar a produção, é necessário também fazer com que esses alimentos cheguem aos consumidores, especialmente aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Por isso, se destaca no estudo seis recomendações e boas práticas para gestores públicos conectarem produção de alimentos e promoção da saúde nas cidades:
- Identificar e promover a cessão de novas áreas ociosas26 para a produção de alimentos, bem como regularizar as áreas produtivas já existentes.
- Identificar territórios urbanos com menor oferta e disponibilidade de alimentos frescos e saudáveis a preços acessíveis para:
a) Fomentar a implantação de unidades de produção local de alimentos nesses territórios.
b) Fomentar a doação ou venda, a preços acessíveis, da produção local de alimentos para a população que vive nesses territórios. - Conhecer a produção local para conectá-la aos consumidores.
- Garantir acesso dos consumidores à produção local de alimentos por meio da criação e/ou do fortalecimento de feiras públicas.
- Promover a aquisição de alimentos da agricultura urbana via compras públicas institucionais, em especial para equipamentos de segurança alimentar, como restaurantes populares e cozinhas solidárias.
- Estimular a expansão de programas de hortas pedagógicas nas escolas, bem como em outros equipamentos públicos, como forma de incentivar a educação alimentar e nutricional.