A restauração de áreas degradadas na Amazônia é importante para conter o aumento das emissões de carbono e as mudanças climáticas, porém o crescimento lento de algumas espécies ainda é um desafio. Em Altamira, no sudoeste paraense, pesquisadores desenvolveram uma técnica que agiliza esse processo, ajudando a diminuir o passivo ambiental, reduzir as emissões de carbono e combater o desmatamento.
O estudo é realizado desde 2022 por pesquisadores da Universidade Federal do Pará em parceria com especialistas da Universidade Federal de Viçosa, da Universidade Federal Rural da Amazônia e do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (IdeflorBio) e faz parte do projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) da Norte Energia, que busca soluções para restaurar áreas impactadas pela implantação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
A técnica utiliza uma parte de uma outra planta viva e hormônios que aceleram o crescimento, antecipando a floração e frutificação de espécies nativas como o jatobá, o taperebá, o camu-camu, mogno, andiroba, entre outras. De acordo com os cientistas, uma das vantagens é que, além da restauração florestal, essas espécies contribuem para a geração de renda entre as populações locais.
“Os resultados apontam para uma revolução nas técnicas usadas até o momento para a restauração de florestas. O sucesso do projeto pode ter benefícios significativos para o futuro da restauração florestal na Amazônia e poderá ser aplicado em outras regiões, ajudando a recuperar áreas degradadas e a reduzir o desmatamento. O projeto também pode auxiliar a biodiversidade da Amazônia e gerar renda e emprego para quem vive na região”, afirma o professor da UFPA, Emil Hernández.
Golosa: ótima candidata
Um dos resultados mais animadores da pesquisa veio com a golosa. Com característica de crescimento lento, essa árvore chega a demorar 25 anos para dar frutos, no entanto, a técnica inovadora permitirá que os primeiros frutos sejam obtidos entre três a quatro anos após o plantio. Esses dados tornam a espécie uma ótima candidata a ser utilizada em processos de recomposição de passivo ambiental e de enriquecimento da biodiversidade de matas ciliares.
Além disso, o crescimento acelerado da golosa deve auxiliar outras espécies, como o taperebá e o jenipapo que precisam de sombra para se desenvolver. A pesquisa também avaliou que o camu-camu teve um crescimento 50% mais rápido com o uso da técnica, enquanto que o taperebá apresentou um diâmetro cerca de 30% maior durante o estudo.
“O projeto vai proporcionar uma redução de tempo da geração de plantas nativas na região em cerca de 20 anos e traz um benefício, não só acadêmico, mas para toda a sociedade. Isso é espetacular para o meio ambiente. O que essa pesquisa tem de mais peculiar é o desenvolvimento da região. E é muito importante para a companhia deixar esse legado”, destaca Roberto Silva, gerente de Meios Físico e Biótico da Norte Energia.