Por Fabrício Queiroz
A região da Transamazônica e do Xingu responde atualmente por mais de 80% da produção de cacau paraense, de acordo com estimativas da Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária (Sedap). Nesse território de onde saem amêndoas de cacau premiadas internacionalmente e chocolates com sabores marcantes, o turismo surge como mais uma estratégia para alavancar o desenvolvimento social e econômico com a Rota Turística do Cacau ao Chocolate.
Com a expansão e o protagonismo do Pará na cacauicultura, o segmento já vinha sendo explorado timidamente em ações pontuais junto a agricultores e fábricas. A ideia, porém, ganhou força no início deste ano com a criação pela Prefeitura de Altamira da rota turística, em que os visitantes têm a oportunidade de conhecer toda a cadeia produtiva, desde as fazendas de cacau até a verticalização nas fábricas de chocolate, valorizando também aspectos da cultura local e das belezas naturais.
“A gente vende uma experiência imersiva na cadeia produtiva do cacau para que o visitante possa conhecer toda a produção. Começamos com um café tradicional na fazenda, com bolos e pães caseiros feitos com cacau. Depois, eles conhecem a plantação, a colheita, como se faz a fermentação e a secagem e todo o processo industrial que leva ao chocolate. Tudo isso com oportunidade de fazer degustações e desfrutar de um almoço regional”, descreve o turismólogo Wyllyan Farias, responsável pela Xingu Adventure que é uma das operadoras da rota.
Impacto social positivo
A ideia ajuda ainda a chamar atenção para os diferenciais que a região oferece, colocando em evidência as populações que estão à frente desses negócios. Wyllyan Farias ressalta ainda que o projeto contribui com a geração de renda dos empreendimentos, o que tem potencial para ampliar o impacto social nas comunidades.
“Estamos vivenciando uma alavancada do turismo por conta do apelo que a Amazônia e o Xingu têm. Um dos produtos que representa bem isso é a Rota Turística do Cacau ao Chocolate, que já era executada, mas que agora vive um boom porque Medicilândia e Altamira estão entre os maiores produtores de cacau no Brasil”, afirma.
No total, são oito empreendimentos de cinco municípios da região da Transamazônica e do Xingu listados no material de divulgação, que permite ao turista ter uma visão abrangente da importância e da versatilidade da cacaicultura paraense. São eles: a Abelha Cacau, de Altamira; a Ascurra Chocolate, de Medicilândia; a Sabor e Arte do Cacau, de Medicilândia; a Santa Amazônia, de Anapu; Cacau Xingu, de Brasil Novo; a Kakao Blumenn, de Brasil Novo; a Cacauway, de Medicilândia; e a Fazenda Panorama, de Uruará.
Para o presidente da Cooperativa Agroindustrial da Transamazônica (COOPTRANS), Ademir Venturini, mais conhecido como Bel, que viu o cacau do Pará ganhar lugar de destaque nacional e internacional, o surgimento de um produto turístico que reconhece a produção do campo da região é um passo decisivo para fortalecer o desenvolvimento da região.
“Esse é um sonho antigo que está se realizando agora em um momento estratégico. Ainda estamos no início com duas empresas parceiras visitando a Cacauway, mas vemos que esse é o momento oportuno para elaborar um roteiro turístico diferenciado e que vem agregar valor, gerar emprego e mais desenvolvimento para a nossa produção”, comenta Bel.