Agricultores familiares da região Sul do Pará já têm acesso a cultivares biofortificadas desenvolvidas pela Embrapa. Doze unidades de multiplicação de sementes e mudas de feijão-caupi, milho, macaxeira e batata-doce foram instaladas neste mês de maio nos municípios de Xinguara e Santa Maria das Barreiras.
“É a primeira vez que ações da Rede Biofort chegam ao sul do estado do Pará”, afirmou Daniel Mangas, supervisor do Núcleo da Embrapa na região.
A Rede BioFORT é responsável pela biofortificação de alimentos no Brasil. Coordenada pela Embrapa, busca diminuir a desnutrição e garantir maior segurança alimentar e nutricional, além de desenvolver produtos agroindustriais e novas embalagens para conservação dos micronutrientes.
As unidades foram instaladas nas áreas das Secretarias de Agricultura dos dois municípios e contam com o apoio do Sebrae, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater-PA) e de cooperativas de agricultores familiares da região. O objetivo, segundo o analista Jaime Carvalho, da Embrapa Amazônia Oriental, é fazer do local um polo irradiador de informações e material genético dos biofortificados para estudantes, agricultores e técnicos da região.
A biofortificação é resultado de um processo de cruzamento de plantas da mesma espécie, gerando cultivares mais nutritivas.
“É importante ressaltar que não é alimento transgênico (onde há incorporação de genes de outro organismo no genoma da planta) e que o próprio produtor tem autonomia para reproduzir sua semente ou muda”, explica Jaime Carvalho, da Embrapa Amazônia Oriental.
As cultivares de milho BRS 4104 ; de macaxeiras BRS Dourada, BRS Gema de Ovo e BRS Jari ; de batata-doce BRS Beauregard ; e de feijão-caupi BRS Aracê implantados nas unidades de multiplicação possuem elevados teores de ferro, zinco e betacaroteno, que é o precursor da vitamina A, quando comparados aos materiais genéticos usados no campo.
Para o agricultor Antônio Miranda Neto, da Cooperativa de Agricultura Familiar e Assistência Técnica de Carajás (Coafatec), de Santa Maria das Barreiras, os produtos biofortificados podem alavancar a agricultura familiar da região, que já conta com a sinalização do poder público local de inserção na merenda escolar.
“Vamos trabalhar para multiplicar essa semente dentro do município. Uma unidade de biofortificados vai melhorar a nossa base alimentar e gerar renda para as famílias”, afirmou.
Atuação em rede
Além da bovinocultura de leite e apicultura, a Embrapa amplia agora seu trabalho em conjunto com o Sebrae na região sul do Pará, de acordo com Luis Lustosa Júnior, analista do Sebrae-PA.
“Além de serem bons no comércio local, os biofortificados atendem a duas questões importantes: a melhoria na questão nutricional das famílias e a possibilidade de geração de renda”, acredita Lustosa.
Tanto em Xinguara quanto em Santa Maria da Barreiras, os gestores locais sinalizaram a relevância dos produtos biofortificados para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
“Essa ação prevê não somente a geração de trabalho e renda, mas também o combate à fome oculta e à desnutrição”, firmou o secretário de Economia Urbana e Rural de Xinguara, Fábio Queiroz.
Para a vice-prefeita de Santa Maria das Barreiras, Maria Gessi Evangelista, o fortalecimento do trabalho em conjunto é fundamental para desenvolver uma agricultura familiar local.
“Acreditamos que é possível criar e fortalecer redes com cooperativas de agricultores, instituições e com o poder público local para que esses produtos cheguem cada vez mais longe e possam ser introduzidos na merenda escolar”, exemplifica o analista da Embrapa, Jaime Carvalho. “A gente espera que essa semente plantada aqui no Sul do Pará traga bons resultados para os agricultores familiares, principalmente na questão nutricional, e a partir daí seja uma fonte de geração de renda para a população mais cuidadosa”, finalizou Daniel Mangas, da Embrapa.