Presente em 138 municípios do estado e alcançando uma produção anual de 4,16 milhões de toneladas em 2023, o cultivo de mandioca tem um papel importante para a economia e as comunidades rurais do Pará. Em Juruti, no oeste do estado, a instalação de uma biofábrica na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) deve alavancar ainda mais a produção, trazendo benefícios principalmente para os agricultores familiares da região.
A universidade já desenvolve há cerca de 10 anos o projeto Maniwa Tapajós que desenvolve variedades de mandioca mais adequadas às condições geográficas e climáticas do estado e mais resistentes à seca e às doenças que afetam a cultura. Atualmente, o viveiro utilizado tem capacidade para produzir 40 mil mudas in vitro, porém a expectativa é que esse número triplique em dois anos, chegando a 120 mil mudas por meio da biofábrica.
O objetivo é que todas as sementes geradas sejam distribuídas gratuitamente para agricultores de Juruti, Santarém, Óbidos, Mujuí dos Campos e Belterra, atendendo aproximadamente 500 produtores rurais.
“A demanda agora é expandir o laboratório que sempre funcionou para pesquisa e passará a ter capacidade de biofábricas para ir alcançando mais produtores”, contou a professora Eliandra Sá, coordenadora do Maniwa Tapajós, ao Globo Rural.
Na avaliação da pesquisadora, a iniciativa deve trazer ganhos em diversos aspectos, pois as sementes mais resistentes garantem uma produção maior de mandioca por hectare, o que beneficia tanto a comercialização quanto a segurança alimentar das comunidades. Além disso, a agricultura aquecida pode estimular os filhos dos produtores a permanecerem no campo, assim como fortalece a colaboração entre diferentes instituições interessadas no desenvolvimento social.
“Estamos integrando instituições de ensino, gestão pública, empresas privadas e produtores para fortalecer a mandiocultura na região, que apresenta uma enorme variedade e grande potencial de uso”, diz a Eliandra Sá.
Para a implantação da biofábrica, a Ufopa recebeu um aporte financeiro de R$ 240 mil da Alcoa Foundation para incremento e ampliação dos laboratórios que dão suporte ao trabalho. Após a doação das mudas, a equipe de pesquisadores realiza ainda ações de assistência técnica em temas como análise de solo, tratos culturais, espaçamento, material propagativo e nutrição dos terrenos.
“O projeto também trabalha com a melhoria de qualidade de vida do produtor, pois a cadeia de mandioca para Juruti é de extrema importância, porém ali a produtividade é muito baixa. Com o escalonamento de mudas, esses agricultores poderão concorrer no mercado, aumentar a renda e garantir a própria subsistência, que é um dos papéis da mandioca na região”, destaca Bernardo Fróes, diretor de Sustentabilidade da Alcoa Brasil e presidente do Instituto Alcoa.