No oeste do Pará, na região da Calha Norte do Rio Amazonas, encontra-se um verdadeiro santuário com algumas das maiores árvores da Amazônia. O local é a Floresta Estadual (Flota) do Paru, onde está um angelim vermelho (Dinizia excelsa) com 88,5 metros de altura, considerada a árvore mais alta de todo o bioma, além de outras diversas espécies com quase 80 metros. Em meio ao agravamento da crise climática, um movimento pede mais proteção para essa unidade de conservação. As informações são do portal NeoMundo.
Com cerca de 3.6 milhões de hectares, a Flota do Paru é uma das maiores áreas de conservação do Pará e compõe o maior bloco de Unidades de Conservação (UCs) do mundo. Na área ocorrem espécies endêmicas que sustentam atividades econômicas de baixo impacto ambiental, como o turismo, a extração de castanhas e o manejo florestal. Porém, a região está cada vez mais na mira dos desmatadores e criminosos ambientais.
O garimpo e o desmatamento ilegal são atualmente as principais ameaças á área. Dados de um inquérito do Ministério Público Federal (MPF) mostram que a Flota do Paru é explorada por mais de 2 mil garimpeiros em cerca de 100 frentes de extração de ouro. Com o avanço dessa prática, a vegetação tem sido suprimida para a abertura de pistas de pouso que viabilizam a atividade ilegal.
Para reverter esse quadro, um grupo de organizações, entre elas o Instituto O Mundo Que Queremos, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o Projeto Saúde e Alegria, o Instituto Centro de Vida (ICV), a Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação (Rede Pró-UC) e outras se uniram na campanha #ProtejaAsÁrvoresGigantes. Esta é a segunda edição do movimento realizado pela primeira vez em 2022.
“A urgência da situação climática global exige medidas mais rigorosas de proteção da biodiversidade, para áreas de conservação como a Flota do Paru. O legado que o governo do Pará espera deixar após a COP-30, pode ser iniciado com a ampliação da proteção da casa da maior árvore da América Latina, transformando a Flota em uma UC de Proteção Integral e intensificando suas ações de monitoramento e fiscalização. Esse sem dúvida seria um gesto contundente para consolidar uma aliança da nossa geração com o futuro” defende Angela Kuczach, diretora executiva da Rede Nacional Pro-Unidades de Conservação.
Papel na regulação climática
De acordo com as organizações, aumentar o nível de proteção da Flota irá permitir que a floresta continue a exercer seu papel na regulação climática, com o sequestro de milhões de toneladas de CO2, contribuindo assim para evitar as mudanças do clima.
Nesse sentido, alguns passos já foram dados com o compromisso do Governo do Pará de ampliar a proteção de pelo menos 1 milhão de hectares da floresta amazônica nos próximos anos. Aliado a isso, o governo e a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) firmaram um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) que prevê a criação de novas Unidades de Conservação (UCs) e estratégias de proteção do angelim-vermelho, que deve contemplar a Flota do Paru.
“O Estado do Pará é o guardião das árvores gigantes da Amazônia. Essa floresta é um patrimônio natural único dos paraenses. O povo do Pará pode sentir grande orgulho de cuidar em seu estado da floresta com as maiores árvores do Brasil. São monumentos naturais com milhares de anos”, afirmou Alexandre Mansur, diretor de projetos do Instituto O Mundo Que Queremos.
De acordo com Mansur, com a chegada da COP 30 em Belém, o Pará tem a oportunidade de mostrar para todo o Brasil e para o mundo sua beleza natural.
“Com todos os olhos do planeta voltados para o Brasil e nossa capacidade para cuidar da maior floresta tropical do mundo, o governo do Pará pode dar um exemplo mundial e exibir sua liderança global, aumentando o status de conservação da floresta com os angelins vermelhos, as nossas árvores gigantes”, disse.