A superfície de água em todo o Brasil ficou abaixo da média histórica em 2023. A água cobriu 18,3 milhões de hectares, ou seja, 2% do território nacional no ano passado. O número representa queda de 1,5% em relação à média histórica, cujo cálculo foi iniciado em 1985. Entre os biomas, a Amazônia foi o que mais perdeu superfície de água em extensão: 5.4%. Proporcionalmente, foi o Pantanal o que mais secou, com 61% de queda.
Os dados são do MapBiomas Água, lançado nesta quarta-feira, 26, O estudo, que cobre o período entre 1985 e 2023, revela ainda que houve perda de água em todos os meses de 2023 em relação a 2022, incluindo os meses da estação chuvosa. A última vez que foi registrada retração da superfície hídrica no Brasil foi em 2021, quando houve uma redução de 7%.
Segundo a entidade, os biomas estão sofrendo com a perda da superfície de água desde 2000, com a década de 2010 sendo a mais crítica.
Em relação aos corpos hídricos naturais, houve uma queda de 30,8% ou 6,3 milhões de hectares em 2023 em relação a 1985. Metade (6) das bacias hidrográficas do País estiveram abaixo da média histórica no ano passado – percentual semelhante ao das sub-bacias nível 1 (53%, ou 44 delas) e das sub-bacias de nível 2 (57%, ou 156 sub-bacias).
Já a água armazenada pelo homem em reservatórios, hidrelétricas, aquicultura, mineração, etc., totalizam 4,1 milhões de hectares, em 2023.
“Enquanto o Cerrado e Caatinga estão experimentando aumento na superfície da água devido à criação de hidrelétricas e reservatórios, outros, como a Amazônia e o Pantanal, enfrentam uma grave redução hídrica, levando a significativos impactos ecológicos, sociais e econômicos. Essas tendências agravadas pelas mudanças climáticas ressaltam a necessidade urgente de estratégias adaptativas de gestão hídrica”, destaca Juliano Schirmbeck, coordenador Técnico do MapBiomas Água.
A queda na Amazônia
Na Amazônia, houve uma retração de 3,3 milhões de hectares na superfície de água, em relação a 2022. O bioma, resposável por abrigar 62% da superfície de água do País, apresentou quase 12 milhões de hectares ou 2,8% da superfície do bioma.
São os efeitos da seca severa porque passou a Amazônia, entre julho a dezembro passados. De acordo com o MapBiomas Água, outubro a dezembro foi o periodo que registrou as menores superfícies de água da série.]
A perda da superfície de água está relacionada a dois fatores: mudança climática em curso, com eventos extremos mais intensos e com mais frequência na Amazônia, [incluindo] secas que aconteceram em 2005, 2010, 2015, 2016 e agora 2023, relacionadas ao El Niño; e outro processo que leva à redução das águas é o desmatamento. Existe uma interdependência entre floresta e água, afirmou Carlos Souza Jr., coordenador do MapBiomas Água