Não é só o Pantanal que está em chamas. De 1º de janeiro a 7 de julho, o programa BDQueimadas, do INPE, detectou 14.250 focos de calor na Amazônia. É o maior número em duas décadas para o período, e um aumento de 60% em relação a igual intervalo temporal do ano passado.
Diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Ane Alencar explicou que o déficit hídrico de 2023 no bioma, provocado por uma seca sem precedentes, somado à antecipação da estação seca neste ano deixaram a vegetação muito inflamável, explica a BBC. Isso criou a “tempestade perfeita” para o fogo.
“Passei por algumas regiões de Mato Grosso recentemente e pude perceber que a vegetação já formou aquela cama de folhas secas no chão, algo que costuma ocorrer no final de julho, início de agosto”, contou. “A região de Santarém (no Pará) também. E ali começa a secar geralmente em setembro, outubro”, disse Ane.
Para piorar, choveu bem menos do que o esperado em 13 das 20 bacias hidrográficas da região, destaca a Amazônia Real. Em dez delas, o nível de precipitação de chuvas foi considerado “extremamente seco”. Nas últimas semanas, os ribeirinhos passaram a notar que os rios iniciaram um processo de vazante acentuado – bem antes do previsto. Moradores de 7 dos 11 municípios que mais sofreram com a grave seca do ano passado mal se recuperaram daquele dramático período e temem que a história se repita.
O cenário fez com que na 6ª feira (5/7) o governo do Amazonas decretasse estado de emergência em 20 municípios localizados nas calhas do Juruá, Purus e alto Solimões devido à severa seca nos rios do estado. Além disso, decretou emergência ambiental devido às queimadas que assolam o sul do Amazonas, Manaus e região metropolitana, detalha a Mídia Ninja.
Pesquisadora de Secas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), Ana Paula Cunha disse à Agência Brasil que a seca extrema de 2023 não acabou em boa parte da região amazônica e que os estados em situação mais crítica são Amazonas, Acre e Rondônia. Ela ainda reforçou que a seca atual é fruto das mudanças climáticas e do processo de aquecimento dos oceanos.