Brasil está em chamas. Dados do MapBiomas, divulgados nesta sexta-feira, 12, revelam que, nos primeiros seis meses deste ano, o fogo devastou 4,48 milhões de hectares em todo o país, uma área maior que o estado do Acre. A devastação atinge principalmente a vegetação nativa (78%), com destaque para a Amazônia, que concentra 2,97 milhões de hectares queimados (66% do total nacional). Isso representa um aumento de 30% em relação ao mesmo período de 2023.
O Cerrado, segundo bioma mais afetado, viu 947 mil hectares serem consumidos pelas chamas, um crescimento de 48% em comparação com 2023. Áreas naturais representaram 72% do total queimado no bioma, com junho se destacando como o mês mais crítico, com 534 mil hectares destruídos.
Os estados mais atingidos foram Roraima (2 milhões de hectares – 44% do total nacional), Pará (535 mil hectares) e Mato Grosso do Sul (470 mil hectares), somando juntos 67% da área devastada no semestre.
Esses números alarmantes são provenientes do Monitor do Fogo do MapBiomas, um mapeamento mensal das áreas queimadas no Brasil desde 2019, realizado por meio de satélites e inteligência artificial.
“No início de 2024, observamos uma concentração significativa de incêndios na Amazônia, especialmente nas áreas de vegetação campestre de Roraima. Este estado, diferentemente do restante do bioma, enfrenta um período de seca nos primeiros meses do ano. Esse fenômeno foi intensificado pelas condições climáticas mais secas resultantes do El Niño, criando um ambiente propício para o alastramento do fogo, com desafios adicionais de controle e mitigação”, afirma Felipe Martenexen, pesquisador do IPAM responsável pelo mapeamento da Amazônia no Monitor do Fogo.
Recordes no mês de Junho
Em junho 1,1 milhão de hectares foram queimados no País – número 103% maior do que o mesmo período do ano passado (560 mil hectares a mais). Desse total, 81% da área queimada foi em vegetação nativa – a maioria em formação campestre (46%). Nas áreas de uso agropecuário, 11% das áreas atingidas pelas chamas em junho foram em pastagens.
Com relação aos estados, os que mais queimaram nesse mês foram: Mato Grosso do Sul (369 mil hectares), Tocantins (229 mil hectares) e Mato Grosso (202 mil hectares), com destaque para os municípios de Corumbá (MS), Tangará da Serra (MT), e Porto Murtinho (MS).