Cacauicultores do município de Novo Repartimento, no sudeste paraense, estão se destacando no mercado nacional e internacional pela qualidade do fruto cultivado na região. O cacau do assentamento Tueré, por exemplo, já foi premiado em concursos especializados, mas os produtores ainda buscam mais apoio e recursos para avançar no segmento de chocolates finos.
Foi pensando na realidade e desafios de pequenos produtores como esses que um estudo da Universidade Federal do Pará (UFPA) buscou avaliar estratégias para aprimorar o desempenho a partir da inovação. A principal tecnologia adotada foi uma máquina para quebrar vagens de cacau. De acordo com a análise, o sistema pode aumentar o lucro em torno de 150% após três anos.
Para chegar a esse resultado, os pesquisadores calcularam a viabilidade técnica e econômica de possíveis mudanças na produção, que incluem o uso da máquina para quebra de vagens, mudanças no posicionamento dos estágios de fermentação e secagem do fruto, entre outros. O objetivo era otimizar o espaço e maximizar a eficiência.
O experimento foi realizado em uma fazenda da região cacaueira de Novo Repartimento, onde grande parte das atividades são feitas manualmente e a produtividade chega a 55 toneladas, que rendem cerca de US$ 59 mil por ano. Com as mudanças propostas, o aumento da lucratividade seria notado já no primeiro ano e pode alcançar US$ 150 mil ao final do terceiro ano.
“Essa pesquisa pode contribuir na redução do custo e no aumento da produtividade de fermentação, possibilitando melhor condição de mercado”, explicou à Agência Bori o professor André Mesquita, pesquisador da UFPA e coautor do trabalho que foi publicado na revista Engenharia Agrícola.
O artigo aponta que a estratégia beneficia as pequenas propriedades paraenses especialmente aquelas dedicadas à produção de cacau fino, que chega a custar o triplo daquele que tem o valor estipulado pelas negociações das bolsas de valores. Atualmente, esse tipo de produto é reconhecido pelo terroir, mas ainda seria pouco rentável para pequenos agricultores devido aos custos da colheita seletiva e da fermentação de alta qualidade envolvidos em sua produção.
Além da adoção da nova tecnologia, os pesquisadores a propoem a criação de um Centro de Inteligência do Cacau no Pará a fim de promover soluções e medidas que gerem aumento de renda e agreguem valor ao cacau paraense.
“A região cacaueira do Pará, em especial do Tuerê, vem se destacando no cenário do cacau, com premiações em concursos especializados de cacau fino. Mas essa qualidade demonstrada não chega, de fato, ao bolso dos produtores, se esvaindo na cadeira produtiva após a saída da amêndoa de suas fazendas. É nesse sentido que o Centro viria a atuar”, ressalta André Mesquita.