Os crimes ambientais ligados ao desmatamento e às queimadas são apontados como os maiores problemas da Amazônia pela própria população da região. De acordo com a Pesquisa de Valores Ambientais e Atitudes sobre a Amazônia (PVAAA), 43% dos moradores citaram essas questões entre os principais desafios, sendo que o desmatamento foi lembrado por 26,1% dos entrevistados e as queimadas por 16,8%.
Outras questões críticas também foram lembradas pelo público. Em terceiro lugar aparece a seca, com 6,7%; seguida das enchentes e alagamentos com 5,1%, e o calor extremo, com 4%. Além disso, a falta de saneamento básico, mudanças climáticas, poluição dos rios e falta de conscientização ambiental fazem parte da lista e reforçam que há uma tendência de maior preocupação com meio ambiente na região quando comparada com o restante do País.
“Nós temos um grande conjunto de problemas ambientais elencados como principal problema da região amazônica, o que é algo completamente diferente do que a gente vê nas pesquisas sobre opinião pública no Brasil, nas quais questões sociais e econômicas tendem a ser listadas como as principais”, comentou o professor Gustavo Ribeiro, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política (PPGCP) da UFPA, coordenador da PVAAA.
A pesquisa, lançada na terça-feira, 30, aborda comportamentos pró-ambientais, preferências por políticas de meio ambiente, experiência climática, entre outras questões na visão da população da região Norte, mas abrange também o público de todo o Brasil. A amostra total é de 1.789 respondentes maiores de 16 anos. O estudo foi conduzido com apoio financeiro do PROCAD CAPES Amazônia e da Meilore Foundation.
Os resultados apontam ainda, por exemplo, que 82,7% do público amazônida desaprova a atividade madeireira na região. Da mesma forma, a mineração é rejeitada por 82,2% dos entrevistados, assim como o garimpo em terras indígenas que é desaprovado por 76,3% dos participantes. Por outro lado, o agronegócio tem avaliação positiva de 69,9%, negativa de 25,6% e 4,4% de pessoas que não souberam ou não responderam.
Já no que se refere a novos projetos econômicos e licenciamento ambiental, 57,6% dos brasileiros discordam da flexibilização das regras; 76,7% são contrários às propostas para aumentar o número de agrotóxicos permitidos no País e 25,2% rejeitam o projeto de exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas.
A PVAA aborda ainda a percepção sobre as mudanças climáticas e os impactos já sentidos no cotidiano. Cerca de 86% do público disse que as alterações do clima aumentaram muito e 29,7% afirmou que já foi afetado por eventos ambientais extremos. Entre eles, as principais ocorrências foram de calor extremo, enchentes e alagamentos, tempestades, vendavais e queimadas.
Segundo os pesquisadores, o objetivo é tornar a PVAAA um instrumento importante para entender as relações entre opinião pública e meio ambiente no Brasil e na Amazônia. Para conhecer os dados completos da pesquisa, clique aqui.