Com mais de 1,7 milhão de toneladas por ano, o Pará responde por 93% de toda a produção nacional do açaí. O fruto é um símbolo da cultura alimentar da Amazônia, além de um vetor para o desenvolvimento sustentável da região. Neste 5 de setembro, data dedicada tanto à Amazônia quanto ao açaí, o apoio à cadeia produtiva ligada à espécie avança e beneficia desde o agricultor e extrativista até o batedor.
No arquipélago do Marajó estão dois municípios entre os dez maiores produtores de açaí do Brasil: Bagre e Anajás. É nesta região com grande potencial, mas ainda marcada pelos baixos índices de desenvolvimento humano (IDH), que o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Embrapa realiza o projeto Sustenta e Inova.
Com foco na capacitação de 4 mil famílias de produtores, a iniciativa dissemina conhecimento sobre formas de manejo que melhoram a produtividade, ajudam a restaurar áreas degradadas e são menos agressivas ao meio ambiente. Além disso, a implantação de tecnologias e boas práticas para o preparo da terra e cultivo do açaí ajudaram também a melhorar a qualidade dos frutos e prolongar o tempo de safra.
Para o diretor-superintendente do Sebrae no Pará, Rubens Magno, esses aspectos representam os impactos que o trabalho pode ter, já que a capacitação possibilita que os agricultores aprendam a mapear as exigências dos mercados institucionais e privados e a desenvolver técnicas de processamento e agroindustrialização, que facilita a entrada desses grupos nos circuitos da bioeconomia.
“Esse é um programa que está alinhado à agenda da COP30, que acontecerá no Pará em 2025, pois ajuda a plantar a semente para o fortalecimento de uma das mais promissoras cadeias baseadas na bioeconomia amazônica, já que os visitantes da conferência provavelmente repetirão a predileção, já identificada em mercados internacionais, pelo consumo da fruta”, destaca Rubens Magno em artigo publicado no site O eco.
No cenário estadual, a cadeia produtiva do fruto também é atendida com programas de estímulo à produção e a visibilidade do produto. Uma dessas ações é a organização do festival do açaí que a cada ano apresenta novidades e soluções técnicas e tecnológicas que abrem portas para o avanço do setor.
Para alavancar a produção do produto, a Sedap apoiou com recursos financeiros a Embrapa na pesquisa que lançou a nova atualização da Cultivar BRS Paidégua (para cultivo de açaí em várzea e terra firme), apresentando alta produtividade e a distribuição de cerca de 14 toneladas de sementes, o que possibilitou a implantação de 35 mil novos hectares da cultura. Também, via convênio com a Emater, a Sedap patrocina anualmente a capacitação de produtores ribeirinhos em técnicas de manejo de açaizais com práticas de sustentabilidade”, comenta o gerente de Fruticultura da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Geraldo Tavares à Agência Pará.
Na outra ponta, a Sedap atua junto com secretarias municipais de saúde promovendo cursos de manipulação de alimentos e a distribuição de equipamentos para os batedores de açaí. A capacitação aliada aos recursos da mesa de catação, tanque de branqueamento e despolpadeira ajudam a garantir a higiene e padronização do produto que chega às mesas dos paraenses.
Com o mercado em alta e o fortalecimento das medidas de apoio, Edvaldo Silva, da Ilha do Combu, que há mais de 40 anos trabalha com a extração e venda do fruto, diz que os principais ganhos vieram com o aumento da renda para produtores, batedores e comerciantes.
“Desde quando eu nasci, eu trabalho com açaí. A minha família só trabalha com açaí. A gente produz e vende na feira, em Belém. Hoje em dia, o açaí melhorou muito, não só pra mim, mas pra muita gente, porque a maioria da renda é do açaí”, relata Edvaldo.