O fogo continua dominando o Brasil. Somente nos 12 primeiros dias de setembro, o número de incêndios no País já é maior do que o mês inteiro de 2023. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já foram 49.266 focos contabilizados neste mês contra 46.498 do mesmo período do ano passado, mostra o portal UOL.
São, em média, 4.105 focos por dia, bem próximo dos 4.707 diários registrados em 2007, quando o Brasil bateu a marca histórica de 141 mil incêndios. As ocorrências estão concentradas principalmente nos estados do Mato Grosso e Pará, que lideram o ranking nacional de queimadas com 13.366 e 11.001 focos, respectivamente.
A Amazônia é o bioma mais atingido com um total de 24.803 incêndios neste mês, situação agravada pela seca intensa que ajuda a proliferar o fogo e amplia o impacto sobre povos e comunidades tradicionais da região.
“Está escasso o peixe, a água esquentou, o peixe só está no lugar mais fundo”, disse ao Jornal Nacional o ribeirinho Josevaldo da Silva.
Em Bom Jesus do Tocantins, no sudeste paraense, o fogo avança sobre a Terra Indígena (TI) Mãe Maria, onde 10% do território teria sido consumido, segundo relatos dos indígenas. Na região, brigadistas combatem as chamas e a população se mobiliza para retirar os livros da escola para evitar o contato do fogo com mais material inflamável.
“Está vindo muito rápido e é muito fogo. Desde domingo a gente está aqui correndo e a única solução que a gente teve agora foi tirar todo material para não pegar fogo”, contou à reportagem a professora, Amjijaxwyire Gavião.
No Pará, foi decretada situação de emergência em razão das queimadas e proibido o uso do fogo para limpeza e manejo de áreas rurais desde o dia 27 de agosto. Apesar disso, ainda há registros desse tipo em municípios do interior, como São Félix do Xingu, que acumula o maior número de focos em todo o país neste ano.
“A gente pede para o produtor rural, seja na área urbana, que não coloque fogo em lixo, não se coloque fogo em pasto, não é época disso”, reforçou o secretário de meio ambiente do município, Sérgio Benedetti.
O problema é acompanhado por instituições ambientais, de justiça e segurança pública, visto que há suspeitas de que parte dos incêndios tenha origem criminosa. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), mais de 190 procedimentos de investigação envolvendo incêndios florestais e queimadas foram abertos neste ano.