Revertendo a alta registrada no mês de julho, os alertas de desmatamento na Amazônia voltaram a cair em agosto. Em toda a região, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectou ameaças em 563,09 km² em agosto de 2023 contra 503,5 km² no mês passado, o que representa uma queda de 10,6%. A menor taxa para o mês dos últimos seis anos. Uma ótima notícia em meio à tragédia dos incêndios florestais em níveis históricos que têm atingido a região.
No Pará, o balanço também foi positivo, com uma redução de 6,5% de áreas sob alerta, passando de 204 km² para 190 km² no comparativo do mesmo período. Em ambos os casos, os resultados são os melhores desde 2018, quando o desmatamento atingiu 526 km² e 157 km² no bioma e no estado do Pará, respectivamente.
Com isso, a Amazônia Legal acumula uma queda de 24% no desmatamento considerando o período de janeiro a agosto. Neste ano foram 2.813 km² desmatados contra 3.712 km² dos oito meses do ano passado.
O combate aos crimes ambientais também fez recuar a degradação em áreas protegidas do País. Um exemplo é a Terra Indígena (TI) Apyterewa, localizada em São Félix do Xingu, no sudeste paraense, que já foi considerada a mais desmatada da região. Por lá, o desmatamento caiu 97% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, com a área atingida saindo de 357 hectares para 11 hectares.
O resultado decorre da presença permanente do Estado na TI por meio de ações de desintrusão para retirada de invasores e eliminação de atividades ilegais. A Vila Renascer, por exemplo, era o principal núcleo de invasores e está 100% desocupada desde dezembro de 2023.
Dados da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) mostram que a TI Apyterewa sofreu com o avanço da degradação, principalmente no governo anterior. Em 2016, foi iniciado um processo de desintrusão que depois paralisado e só retomado no ano passado, que teve reflexo direto na redução do desmatamento em 69,7% em relação a 2022.
Além de ações de comando e controle, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) informa que o combate ao desmatamento na Amazônia envolve ainda investimentos em desenvolvimento sustentável direcionados aos 70 municípios que corresponderam a 78% do desmatamento do bioma em 2022. Até o momento, 48 cidades aderiram ao programa União com Municípios, que prevê repasses de R$ 785 milhões para o fomento a alternativas econômicas sustentáveis.