O Governo do Pará decretou nesta terça-feira,17, situação de emergência de nível 2 em razão do agravamento das queimadas e da estiagem prolongada em diversas regiões do estado. A medida autoriza a mobilização de todos os órgãos estaduais sob a coordenação da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil para ações de resposta ao desastre e a execução de programas prioritários para atendimento das demandas de saúde e segurança nos municípios atingidos.
“Assinei um decreto de emergência ambiental em razão das queimadas e da estiagem em nosso estado. Com isso, já encaminhei à Defesa Civil Nacional o pedido de reconhecimento e todas as estratégias de enfrentamento. Além disso, recebi do Corpo de Bombeiros e de diversas instituições o nosso Plano Emergencial para combater as queimadas, a estiagem e os focos de incêndio”, disse o governador Helder Barbalho.
O boletim mais recente do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) mostra que as situações de seca severa e extrema atingem mais municípios da Amazônia em 2024 do que no mesmo período do ano passado. Além disso, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta para um aumento de 63% nos focos de calor no bioma no comparativo de janeiro a setembro dos dois anos. Em 2023, foram 57.941 incêndios e, neste ano, o acumulado chega a 94.601, antes do final do mês.
No Pará, o número de queimadas é 67% maior em relação ao ano anterior, passando de 19.741 para 33.066. Segundo o governo, as regiões mais impactadas são Araguaia, Baixo Amazonas, Carajás, Guajará, Guamá, Lago de Tucuruí, Marajó, Rio Caeté, Rio Capim, Tapajós, Tocantins e Xingu e já há equipes e equipamentos mobilizados para atuação nos municípios com situação mais crítica.
As ações a serem desenvolvidas constam no Plano Estadual de Ações contra a Estiagem, Queimadas e Incêndios Florestais (PAEINF), lançado nesta quarta-feira, 18. O objetivo é promover medidas para o socorro, resgate e salvamento, combate a incêndios, recuperação de serviços essenciais, assistência e logística humanitária, entre outras medidas para reduzir danos e prejuízos.4
O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Raul Protázio Romão, afirmou que os municípios com as maiores áreas recobertas por cicatrizes de fogo são: São Félix do Xingu, Altamira, Novo Progresso, Ourilândia do Norte, Cumaru do Norte, Itaituba, Parauapebas, Santana do Araguaia, Bannach e Santarém.
“Destacamos também as áreas federais atingidas, onde o corpo de bombeiros também está atuando. Temos, neste mês de setembro, uma anomalia, com chuvas abaixo do esperado. No mês de outubro, isso se manterá, predominantemente, e em novembro as chuvas devem retornar inclusive um pouco acima da média. A anormalidade é um indicativo forte das mudanças climáticas que a gente vem observando”, declarou Romão.
Com o decreto de situação de emergência e o PAEINF em vigor, o estado aumentou de 108 para 180 o número de militares destacados para o combate aos incêndios e vai intensificar a identificação de áreas de risco e estruturar as ações de resposta do sistema de defesa civil.
Em coletiva de imprensa, Helder Barbalho disse ainda que deve ocorrer nesta quinta-feira, 19, em Brasília (DF) uma reunião do Governo Federal e governadores para discussão de estratégias conjuntas.
“Com recursos federais poderíamos deslocar a nossa tropa para as áreas do estado, e desta forma, com esta regulação da estratégia de enfrentamento e apoio das forças nacionais. Solicitaremos apoio com aeronaves, seja com aviões e helicópteros, apoio logístico e de custeio para ampliação da tropa e formação de brigadistas”, afirmou o governador que defendeu também a prioridade de ação em áreas protegidas ameaçadas, como a Terra Indígena Mãe Maria, em Bom Jesus do Tocantins.