Cerca de 3 mil famílias de Novo Repartimento que vivem no assentamento Tueré, considerado o maior do País, receberam do Ministério Público do Pará (MPPA) e do Sistema Federação da Agricultura e Pecuária do Pará e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Faepa/Senar) a doação de equipamentos para a instalação de uma Escola-Indústria de Chocolate na região.
A comunidade receberá um kit com forno, torre de nibs, temperadeira, liquidificador, mesas e outras peças para confecção de chocolates finos. De acordo com a prefeitura da cidade, 70% da produção de cacau do município vem do Tueré, que já é reconhecido inclusive internacionalmente pela qualidade de suas amêndoas. Apesar disso, os agricultores ainda enfrentam uma série de dificuldades para manter e expandir a produção de cacau e chocolates.
“Hoje em dia o meu sofrimento é grande. Tem dias que eu acordo às 5 da manhã e vou para luta, molhando a mão 3 mil pés de cacau, às vezes até 11 horas da noite, meia-noite”, conta Maria Helena, que mora na área conhecida como Tueré 2.
O apoio recebido deve dar suporte a toda cadeia produtiva do fruto e garantir o incremento da geração de renda das famílias atendidas, diminuindo a dependência de atravessadores, avalia a idealizadora da ação, a promotora de Justiça Rural, Alexssandra Muniz Mardegan.
“No novo processo eles devem receber a maior parte pelo que produzem. Nós fizemos uma conta em que hoje em dia a comunidade recebe menos de 10% do valor do produto final”, comenta Alessandra.
Atualmente, o Pará conta com cinco escolas-indústrias de chocolate implantadas (Altamira, Igarapé Miri, Medicilândia, Castanhal e Tomé-Açu), além de uma unidade móvel que atende diferentes regiões do estado. Nesses espaços, a comunidade tem acesso à assistência técnica e tecnologia que permitem a verticalização e o aumento de valor agregado da produção de cacau paraense.
“As escolas são um marco bastante expressivo. Hoje nós temos cinco escolas-indústria formando e levando ao produtor rural ensinamentos para que eles tenham condições de produzir um cacau fino, de qualidade”, afirma o superintendente do Senar no Pará, Walter Cardoso.