A forte estiagem que atinge o oeste do Pará já compromete o transporte na região que é um dos principais corredores logísticos do estado. A situação de escassez hídrica no Tapajós, declarada na semana passada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) colocou em alerta as empresas que fazem o escoamento da produção de grãos do Centro-Oeste via portos de Itaituba e Santarém.
Em entrevista ao jornal O Liberal, Flávio Acatauassu, presidente da Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport), informou que a capacidade de transporte pelo rio reduziu pela metade e que nesta semana há uma “grande probabilidade” de interrupção das atividades fluviais.
“Os comboios necessitam de 2,20 m de lâmina d’água nos pontos mais rasos do rio para permanecer navegando”, disse o executivo. Segundo a ANA, a cota do rio medida nas margens de Itaituba chegou a 1,06 metro e a 1,01 metro em Santarém.
Com isso, a expectativa é que grande parte da carga de grãos e de calcário seja transportada agora pela rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163) rumo ao porto da Cargill. De acordo com o site OEstadonet, a situação deve impactar a mobilidade urbana na cidade, onde congestionamentos e obstrução de calçadas se tornaram recorrentes no ano passado, quando a região enfrentou outra seca severa.
Apesar da alternativa rodoviária, a Amport diz que haverá uma queda de recursos na economia da região. Isso porque algumas empresas tendem a desviar parte das cargas para os corredores do Sul e Sudeste do País, o que gera um efeito em cadeia para todas as atividades ligadas à logística com menos geração de empregos e arrecadação de impostos. Ao Grupo Liberal, Flávio Acatauassu afirmou que a seca do ano passado gerou um prejuízo de R$ 375 milhões ao setor.
Além dos prejuízos para a infraestrutura e para a economia local, os impactos da crise hídrica no oeste paraense devem ser sentidos em outras áreas, como a pesca, o abastecimento de alimentos, restrição do acesso à água e a agricultura.