Os exportadores brasileiros de carne devem se preparar para cumprir novas exigências com o maior mercado consumidor do mundo. Isso porque a China se prepara para cobrar a rastreabilidade da cadeia produtiva, conforme já preveem os acordos comerciais entre os dois países.
Os protocolos ainda serão discutidos a partir de novembro e sua implementação ocorrerá ao longo dos próximos dois anos. No entanto, a perspectiva é que os primeiros embarques de carne bovina 100% rastreada já ocorram em 2025, informou ao Globo Rural o gerente de projetos da ONG chinesa Global Enviromental Institute, Peng Ren.
Os segmentos ligados ao comércio exterior já estão atentos à nova demanda que, a princípio, não deve exigir compromissos com o desmatamento zero, porém a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) acredita que essa será uma cobrança que virá naturalmente nas próximas etapas.
Vale lembrar que o Pará já saiu na dianteira desse processo com o Programa de Integridade e Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Pecuária que tem o objetivo de rastrear individualmente todo o rebanho do estado até 2026. Atualmente, o Pará possui cerca de 25 milhões de cabeças de gado e é o segundo maior produtor de carne do Brasil.
A rastreabilidade é considerada um diferencial produtivo e comercial por garantir o controle da cadeia produtiva em todas suas etapas, atestando que não há vinculação do produto com qualquer ilícito ambiental. Nesse sentido, um estudo da Academia Chinesa de Ciências Sociais e da Fundação Getúlio Vargas em parceria com a The Nature Conservancy mostra que consumidores chineses aceitariam pagar até 22,5% a mais pela carne do Brasil desde que fosse comprovado que criação do gado ocorreu em áreas com desmatamento zero.