Cerca de 1.500 pequenos produtores rurais dos municípios de Novo Repartimento, Pacajá e Anapu, no sudeste paraense, devem ser beneficiados pelo acordo de cooperação técnica firmado entre o Fundo JBS pela Amazônia e o Banco da Amazônia. A iniciativa busca facilitar a aplicação de recursos da ordem de R$ 90 milhões do Programa Nacional para o Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) em projetos de pecuária sustentável e agricultura regenerativa.
As famílias atendidas fazem parte do projeto Restauramazônia, que promove assistência técnica e restauração produtiva em pequenas propriedades conciliando a produção de cacau em sistema agroflorestal com a pastagem rotacionada. Desde 2021, já foram aplicados R$ 25 milhões no apoio a esses produtores. É o maior investimento em agricultura familiar do bioma amazônico.
Agora, o objetivo é ampliar esse impacto criando condições para a inclusão de pequenos pecuaristas em um sistema de produção com baixas emissões de carbono. Os recursos devem ser aplicados em ações de regularização ambiental, rastreabilidade das propriedades, recuperação de pastagens e intensificação pecuária. O plano é que até a COP30 no ano que vem, 300 famílias já estejam sendo atendidas.
“Esse grupo não tem recurso para investir em reforma de pastagem. Portanto, quando o solo se esgota, ele abre área de floresta. A maioria acaba desmatando porque a conta não fecha e, por isso, fica à margem dessa cadeia”, explicou ao Globo Rural a diretora do Fundo JBS pela Amazônia, Andrea Azevedo.
Com isso, o projeto busca contribuir para a redução do desmatamento na região e auxiliar na inclusão dos produtores em uma agenda de sustentabilidade, que permite agregar valor à produção local. As ações já realizadas até o momento incluiram boas práticas em 44 mil hectares, implementaram 1 mil hectares de agroflorestas e levaram a um incremento de 47% na renda das famílias.
“A partir da assistência técnica, o Tuerê, em Novo Repartimento, um dos maiores assentamentos rurais da América Latina, por exemplo, vem saindo de uma história de degradação para se tornar polo mundial produtor de cacau fino”, ressalta Paulo Lima, gerente de Cacau e Pecuária da Fundação Solidaridad, ressaltando o sucesso dos agricultores no mercado.