Por Fabrício Queiroz
Com 53.633 focos de calor registrados desde o início do ano até esta segunda-feira, 02, o Pará é o estado brasileiro que mais queimou em 2024. Em segundo lugar está o Mato Grosso, que liderava o ranking e tem até agora 50.102 focos; já em terceiro aparece o Amazonas com um total de 25.342. Os dados são contabilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e atestam o avanço das queimadas em uma época em que os casos já deveriam estar em baixa.
O monitoramento do Inpe mostra que o mês mais crítico foi setembro, que é considerado o auge da temporada do fogo na Amazônia. Nesse período, o Pará teve 17.434 focos de incêndio. Em outubro, houve uma queda para 7.120, mas, em novembro, o cenário voltou a piorar e o estado fechou o mês com 9.555 focos. Somente no início deste mês de dezembro já são 552 incêndios registrados no território paraense.
Os números revelam o tamanho do problema enfrentado por diferentes comunidades. O caso recente mais emblemático é o de Santarém, no oeste, que está sob decreto de emergência devido aos altos índices de fumaça que tomam conta da cidade há várias semanas. No último dia 29 de novembro, a cidade foi apontada como a segunda mais poluída em todo o mundo.
Em resposta à crise, o Governo do Estado anunciou um reforço para o combate às chamas com o envio de oito caminhões e o aumento do efetivo do Corpo de Bombeiros que está atuando na região. Agora são 120 bombeiros, 12 caminhões e dois helicópteros destacados para o oeste paraense. No entanto, a sociedade civil cobra por mais medidas e realiza uma mobilização na Marcha pelo Clima, que ocorre nesta segunda-feira em Santarém.
Mas o problema também é grave em outras regiões. Em Belém, por exemplo, as queimadas se concentram no distrito de Mosqueiro desde o início de novembro, atingindo principalmente os agricultores que vivem às margens da rodovia PA-391, que dá acesso à ilha.
Já no Marajó, a comunidade Ilha Grande, localizada no município de Gurupá, está dominada por queimadas há cerca de um mês. Segundo a denúncia mostrada pela TV Liberal, o fogo teria começado no centro da ilha, onde a vegetação está bem seca, e foi se espalhando para as margens, o que aumenta o risco de fogo nas casas das populações ribeirinhas.
Ainda no arquipélago, a Reserva Extrativista (Resex) Verde para Sempre, no município de Porto de Moz, também causa destruição e transtornos para a saúde das 5 mil famílias que vivem na área. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra a reserva, informou que contratou uma equipe de brigadistas para apagar os focos de incêndio, mas a comunidade diz que o efetivo não é suficiente para resolver o problema.
Vale lembrar que as queimadas representam uma grave ameaça para a saúde das pessoas, assim como destroem áreas com uma rica biodiversidade e importantes para manter o equilíbrio ecológico do planeta e evitar o agravamento das mudanças climáticas. A menos de um ano para a COP30, o estado que vai sediar discussões decisivas para o mundo deve dar respostas para uma crise desse tamanho.