A Polícia Federal deflagrou a Operação Flygold II na quarta- feira, 11, com o objetivo de combater organizações criminosas especializadas no transporte ilegal de ouro de Terras Indígenas, como a TI Munduruku, no Pará, para outros estados e exterior. Foram expedidos 19 mandados de busca e apreensão e nove mandados de prisão no Pará, Roraima, Amapá, São Paulo, Paraná e Goiás.
O Metrópoles detalha que a PF apreendeu uma frota de carros de luxo e um arsenal de guerra na casa de um dos investigados. Segundo o 18 Horas, foram sequestrados mais de R$ 615 milhões em bens e valores.
Durante um ano, a investigação contabilizou cerca de 1 tonelada de ouro extraída de forma ilegal da região. Sem falar na movimentação de mais de R$ 4 bilhões entre os envolvidos, incluindo pessoas interpostas e empresas fantasmas. A PF constatou que os criminosos recrutavam, em sua maioria, estrangeiros para despachar bagagens carregadas com ouro em voos comerciais
Retirada de invasores
O Governo Federal realiza desde 9 de novembro uma grande operação de retirada de invasores, equipamentos e edificações ligadas ao garimpo ilegal da Terra Indígena Munduruku, que possui mais de 90% do seu território dentro dos limites de Jacareacanga e uma pequena parte (2%) em Itaituba. Com as inspeções, uma grande quantidade de maquinário já foi destruída, impondo ao garimpo um prejuízo de R$ 74 milhões até o momento.
A operação de desintrusão entrou no segundo mês e segue com ritmo intenso, por meio do calendário estabelecido pela Casa Civil. A força-tarefa federal atua com cerca de 20 órgãos federais percorrendo de modo aéreo, terrestre e fluvial os 2,3 milhões de hectares de extensão do território, que abriga 9.257 indígenas. Desde o início das operações, mais de 300 ações já foram realizadas e a expectativa é seguir com monitoramentos, fiscalizações para que a atividade criminosa perca forças e seja inviabilizada.
O coordenador-geral da operação, Nilton Tubino, afirma que os trabalhos das equipes de segurança e demais membros de fiscalização, monitoramento, diálogo e inteligência federal seguirá até a devolução da TI aos seus detentores.
“A Terra Indígena Munduruku pertence exclusivamente aos indígenas e só a eles cabe o usufruto dos recursos naturais. Não permitiremos que a Amazônia seja derrubada em benefício de particulares”, afirmou ao explicar que o governo tem feito também ações fora do limite da TI para resguardar a floresta. “É determinação do presidente Lula que o Estado proteja a Amazônia. Essa é uma riqueza do povo brasileiro”, afirmou.
Capitais do ouro
A TI Munduruku fica localizada nos municípios de Jacareacanga e Itaituba. As duas cidades dividem a fama de capitais do ouro na Amazônia. No entanto, a riqueza natural da região não é revertida em desenvolvimento econômico para os municípios, já que a maior parte do garimpo existente é ilegal, rompe limites de terras indígenas, de áreas de proteção ambiental e degrada a natureza sem nenhuma compensação.
Se o garimpo ilegal é opção de emprego para uns, que se sujeitam aos riscos da atividade criminosa e nociva à saúde, seu benefício e lucro fica restrito a esse grupo em prejuízo da população local e do País como um todo, que perde parte de sua floresta e de seus recursos naturais.
Dados do IBGE apontam, por exemplo, que Jacareacanga possui apenas 2% dos domicílios com esgotamento sanitário adequado, a taxa de mortalidade infantil média na cidade é alta, de 20,8 para 1.000 nascidos vivos, e apenas 9% de uma população de 24 mil pessoas está no percentual de pessoas ocupadas.
Em Itaituba, uma cidade maior com 123 mil pessoas, o percentual de domicílios com esgotamento adequado chega a 20%, a mortalidade infantil média na cidade também é alta, de 18,56 para 1.000 nascidos vivos e a população ocupada está em 18%.