Fortalecer a diplomacia, mobilizar os países para o aumento dos recursos necessários para o enfrentamento das mudanças climáticas e cobrar metas mais ambiciosas com a redução das emissões de gases do efeito estufa. Estes estão entre os principais objetivos do Brasil à frente da presidência da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro de 2025, em Belém. Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, apesar dos desafios, a conferência deve destacar a capacidade do país de “liderar pelo exemplo”.
Com o resultado frustrante da COP29, em Baku, que ficou marcada pelos impasses para garantir recursos para o financiamento climático, a ministra diz que a missão de Belém é dar passos além para que surjam respostas à altura da emergência do clima.
“Os desdobramentos da COP29 desafiam o País a construir uma conferência mais ambiciosa e focada em resultados. Isso requer liderar pelo exemplo, promovendo articulações regionais e globais para que possamos, em Belém, dar um passo histórico no enfrentamento à crise climática. A boa notícia a dar ao mundo é que o Brasil está comprometido com esse esforço, e exercerá sua liderança e sua reconhecida capacidade de diálogo e negociação para que saiamos de Belém com resultados mais ambiciosos”, afirmou Marina Silva durante um seminário promovido pelo jornal O Globo em parceria com o Valor Econômico..
A ambição relatada envolve uma série de medidas, como a implementação da rota de Baku a Belém proposta para mobilizar o US$ 1,3 trilhão necessários para financiar ações de mitigação e adaptação, a apresentação de metas de redução de gases do efeito estufa (conhecidas pela sigla NDCs) alinhadas com a Missão 1,5º e o desenvolvimento de políticas nacionais e regionais condizentes com o Acordo de Paris.
“Estamos trabalhando ativamente para promover o diálogo entre nações, buscando convergências entre as demandas dos países em desenvolvimento e as responsabilidades dos países desenvolvidos. O Brasil tem um papel único como ponte entre Norte e Sul Globais e está empenhado em liderar com ética, compromisso e uma visão de futuro que priorize a vida e o equilíbrio planetário”, reforça a ministra.
De acordo com Marina Silva, os avanços são possíveis e já há alternativas construídas a partir de parcerias entre o setor público e a iniciativa privada, como é o caso da Plataforma de Investimentos para a Transformação Climática e Ecológica do Brasil (BIP), Outro exemplo é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), criado sob a liderança do Brasil no G20 que busca alavancar recursos para projetos de conservação nesses ecossistemas.
O contexto é complexo, mas a avaliação é que a COP30 pode dar contribuições para além da agenda de negociações. Uma das expectativas é que a conferência traga uma abertura para que as vozes de populações mais vulneráveis sejam ouvidas e consideradas no processo de decisão. Além disso, o evento pode ter um caráter pedagógico de mostrar a a importância da união de esforços para conter a crise do clima.
“Espero que os brasileiros compreendam que nosso papel vai além das negociações: somos guardiões de recursos naturais essenciais para o equilíbrio planetário e, ao mesmo tempo, uma nação que precisa resolver desafios internos de forma integrada à luta global contra as mudanças climáticas”, ressalta.