A região do Baixo Amazonas, no Pará, tem se destacado como um exemplo de que a sustentabilidade pode gerar novas oportunidades de negócios. Com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá em Belém em 2025, municípios como Santarém, Mojuí dos Campos, Belterra e o Distrito de Alter do Chão estão investindo cada vez mais em iniciativas sustentáveis, ganhando visibilidade ao aliar preservação ambiental e desenvolvimento econômico.
Viveiro Florestal Ardosa
Uma das iniciativas de destaque é o Viveiro Florestal Ardosa, que se dedica ao cultivo de mudas nativas da Amazônia. Em colaboração com comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas, o viveiro é certificado pelo Ministério da Agricultura e fornece mudas para empresas e associações da agricultura familiar com o objetivo de reflorestar e recompor o meio ambiente. Nos últimos 10 anos, o Viveiro Ardosa já produziu mais de 500 mil mudas.
Sob a gestão do biólogo Sidcley Matos e da médica veterinária Adna Picanço, o Viveiro destaca-se pela parceria com o Sebrae, que tem sido essencial na capacitação profissional e na estruturação do negócio. Ao portal do Agência Sebrae, Matos disse acreditar que, com a COP 30 em Belém, a expectativa é de expandir ainda mais o projeto.
“Agora, com a COP 30, estamos confiantes em ganhar maior visibilidade para expandir o Viveiro. Esperamos que, com o apoio do Sebrae, a Conferência nos traga novos recursos, conhecimento e estímulos para que possamos recuperar a floresta e manter o que já está em pé”, afirma Matos.
Além de contribuir para a preservação ambiental, o Viveiro Florestal Ardosa também promove inclusão social e econômica, envolvendo as comunidades locais na produção de sementes e mudas de diversas espécies, incluindo algumas ameaçadas de extinção, como o Acapu, a Itauba e o Pau Amarelo.
Sorveteria Boto – Gelato da Amazônia
Outro exemplo de negócio sustentável de sucesso é a sorveteria Boto – Gelato da Amazônia, que produz sorvetes artesanais utilizando ingredientes típicos da região, como cupuaçu, castanha do Pará e jambo. A empresa, que também recebeu apoio do Sebrae, ampliou seus negócios e tem impactado positivamente a economia local.
Para os empreendedores locais, a COP 30 representará uma oportunidade única de mostrar à comunidade internacional como a Amazônia pode ser um modelo de desenvolvimento sustentável, com negócios que preservam a floresta e geram benefícios para a região.
Instituto Amazônia 4.0
O Instituto Amazônia 4.0, idealizado por Ismael Nobre e Sônia dos Santos, é mais um exemplo de modelo de negócio sustentável. A iniciativa, localizada em Belterra, combina conhecimentos tradicionais com ciência e indústria por meio de biofábricas móveis, os Laboratórios Criativos da Amazônia (LCAs). Esses estabelecimentos desenvolvem métodos avançados para transformar insumos da floresta em produtos de alto valor agregado, com capacitação e a inclusão dos moradores locais.
Ismael conta que, com o apoio do Instituto, Selma Ferreira, agricultora e integrante da Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais de Belterra (Amabela) conseguiu, por exemplo organizar a produção de Cupulate, um chocolate feito a partir da semente do cupuaçu. Com orientação, a associação formada exclusivamente por mulheres fortaleceu o empreendedorismo feminino, permitindo que as agricultoras ampliem a oferta de produtos, gerem renda para suas famílias e conquistem autonomia financeira.
MuCA
O Museu de Ciência da Amazônia (MuCA), localizado em Belterra, integra saberes tradicionais e ciência avançada ao promover o desenvolvimento sustentável e a bioeconomia. Seu acervo é diferenciado, com amostras da biodiversidade da Floresta Nacional do Tapajós e alinhada a educação e o conhecimento científico como ferramentas para a conservação da natureza.
O MuCA funciona como um espaço que une pesquisa, geração de emprego e comércio, beneficiando diretamente a região amazônica. Projetos como a Deverás Amazônia, que utiliza insumos da floresta, e a Xibé, que cria moda sustentável com tingimentos naturais, são exemplos de como a ciência e a inovação podem gerar produtos com valor agregado.
Para o coordenador geral Luiz Moura, coordenador geral do projeto, o objetivo do MuCA é ser grande receptivo de produtos e serviços. “Temos iniciativas que valorizam a cultura da Amazônia e queremos expressar a identidade ancestral por meio do MuCA e contamos com o Sebrae para aprimorar este objetivo.”
Bionama
A Bionama é uma empresa que nasceu no Laboratório de Biotecnologia de Plantas Medicinais e é conduzida por uma equipe interdisciplinar formada por pesquisadores e empreendedores, como a Dra. Josiane Almeida, Dra. Elaine Oliveira, Gabriel Ranieri, Laenir Anjos e Wallacy Barreto.
O empreendimento é fruto de anos de pesquisa e contribui para a bioeconomia com a criação de produtos acessíveis e sustentáveis, valorizando comunidades locais e seus clientes. A Bionama oferece itens como sabonetes com óleos essenciais, hidratantes feitos de manteiga de cupuaçu, brownies de Ora-Pro-Nóbis com alto teor proteico, além de farinhas de Uxi Amarelo e Cumaru.