A cooperação entre uma organização do terceiro setor e o mercado financeiro gerou uma estratégia de fortalecimento de pequenos negócios e proteção da floresta amazônica. A iniciativa é do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), que criou a Aceleradora de Impacto da Amazônia (Amaz) para alavancar recursos para os empreendedores locais.
Em cinco anos de atividades, R$ 42,5 milhões foram mobilizados em recursos próprios e de co-investidores para apoiar negócios que estavam em estágio inicial, mas que tinham potencial de crescer e dinamizar a economia da região. Atualmente, são atendidos 41 negócios, que têm em comum o impacto socioambiental positivo e a conexão dos seus fundadores com a Amazônia. Juntos, os projetos são responsáveis pela conservação de 450 mil hectares de floresta na região.
“É um movimento para transformar a Amazônia em um polo de desenvolvimento sustentável, conectando o terceiro setor e o mercado privado para alavancar soluções econômicas que mantêm a floresta em pé”, explicou Gabriela Souza, coordenadora da Amaz, à Folha de São Paulo.
Entre os negócios beneficiados está o Zeno Nativo, de Zeno Gemaque, um ribeirinho da comunidade Acará-açu, a cerca de 40 km de Belém, que comercializa cacau e castanha-do-pará. A produção é dele e de mais 250 famílias de agricultores com quem estabeleceu parcerias que valorizam a qualidade dos frutos locais e a sua importância para a proteção da floresta.
“Precisamos apontar novos caminhos e alternativas de renda para quem cuida da floresta”, defende Zeno Gemaque.
Outro empreendimento apoiado pela Amaz é a Manioca que trabalha aliando inovação e comércio justo. Os insumos são comprados da agricultura familiar e são a base para o desenvolvimento de produtos como temperos, molhos, farofas e feijão típicos da Amazônia, mas que agora, por meio da empresa, chegam aos principais mercados do país.
“Só nos reconhecemos como negócio de impacto quando participamos do programa de aceleração da Amaz, em 2018. O capital da aceleradora [R$ 450 mil] nos ajudou a estruturar a cadeia produtiva em uma região de baixa profissionalização”, afirma Joanna Martins, CEO e uma das fundadoras da empresa.
Os impactos são expressivos, mas a Amaz tem planos para aumentar a captação de recursos em prol dos negócios amazônicos. Uma das metas da aceleradora é lançar um segundo fundo de financiamento focado em empreendimentos que combinem a conservação ambiental, a restauração de florestas e a geração de renda em ritmo acelerado.
“Estamos ampliando nossa ambição para que, até 2030, possamos não apenas apoiar mais negócios, mas estruturar um ecossistema robusto que atraia mais investidores e acelere soluções sustentáveis na Amazônia”, ressalta Mariano Cenamo, CEO da Amaz.