O valor exorbitante dos pacotes de hospedagem para o período da COP30, que ocorre de 10 a 21 de novembro, têm assustado as equipes negociadoras e demais participantes que virão para Belém. Reportagem do Estadão mostra que representantes da Dinamarca vieram à capital para procurar imóveis para acolher sua comitiva, mas voltaram ao país sem negócio fechado devido aos preços elevados para o evento.
A delegação da Noruega, principal país doador do Fundo Amazônia, é outra que encontrou dificuldades na busca por acomodações, já que os orçamentos ultrapassaram R$ 1 milhão. Uma sondagem feita pelo Diário do Pará encontrou apartamentos com aluguel de mais de R$ 2 milhões, o que também alertou o Reino Unido que buscou o governo brasileiro para tratar do tema.
Plataforma
Em resposta à reportagem, o governo federal orienta as embaixadas estrangeiras a aguardarem o lançamento de uma plataforma oficial de gerenciamento de hospedagem. De acordo com a Secretaria Extraordinária da COP30 (Secop), a busca antecipada por acomodações fora de um canal oficial tem contribuído para a elevação dos preços no mercado.
Em entrevista coletiva em Belém na semana passada, a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, informou que também serão adotadas medidas semelhantes a de outros grandes eventos para reduzir os preços das hospedagens.
“Quem acompanhou os preparativos da Rio+20, das Olimpíadas e da Copa do Mundo sabe que a gente sofreu situação semelhante e, à época, tomamos medidas, especialmente relacionadas à defesa do consumidor, que fizeram com que os preços se comportassem melhor”, disse.
Até o momento, segundo a Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor, não há registro de reclamações formais sobre o tema e nenhum estabelecimento foi autuado. No entanto, a Senacon diz que caso sejam identificadas irregularidades, os Procons competentes podem tomar as medidas cabíveis, como notificações, multas e até a interdição do estabelecimento.
Por sua vez, o Booking e a Airbnb esclarecem que não podem interferir nos valores anunciados, já que os preços são definidos pelos próprios proprietários de hotéis e pousadas ou pessoas físicas que cadastram suas casas e apartamentos.
Aumento de oferta
A expectativa dos governos federal e estadual é que o aumento da oferta de leitos também ajude a reduzir os preços. Dados da Prefeitura de Belém indicam que a cidade tem hoje 18 mil leitos hoteleiros, mas a projeção é que esse número mais que dobre com os cerca de 26 mil que devem ser ofertados até o evento.
Para isso, Belém está sendo preparada com obras de novos hotéis de alto padrão, reforma de 17 escolas que funcionarão como alternativa de hospedagem no padrão de hostel, melhorias no Porto de Outeiro que servirá para a ancoragem de navios de cruzeiro, tendas climatizadas, vilas militares, espaço para comunidades indígenas e construções modulares para 4.500 negociadores, entre outras medidas.
“As pessoas vão dormir onde tiver que dormir. Eu posso dizer que ninguém vai ficar acordado por falta de um lugar para dormir”, garantiu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em coletiva nesta quinta-feira, 30.