A produtividade do cacau no estado do Pará está diretamente ligada à conservação das florestas. que municípios que mantiveram suas áreas de vegetação nativa intactas desde a década de 1980 registraram um aumento de cerca de 65% na produção de cacau. Em contrapartida, as regiões que sofreram com o desmatamento desenfreado tiveram uma queda de até 40% na produtividade
Essa foi a principal conclusão de um estudo publicado na revista “Environmental Conservation” por pesquisadores do Instituto Tecnológico Vale (ITV) e das universidades federais do Pará (UFPA) e de Goiás (UFG).
Os pesquisadores analisaram a produção do cacau em 60 municípios do Pará, e em mais 101 cidades da Bahia, estados líderes na produção do fruto que é o principal ingrediente do chocolate. Ao longo de quase quatro décadas, comparou-se dados de cobertura florestal, extensão de terras cultivadas e fragmentação das áreas verdes. Os resultados indicam que a presença de florestas favorece o clima, a proteção do solo e a polinização, fatores fundamentais para a produtividade das lavouras de cacau.
“Independentemente do histórico de uso do solo nas regiões estudadas, nosso trabalho deixa claro que a perda de cobertura florestal é um fator determinante para a queda na produção”, explica Gustavo Júnior de Araújo, pesquisador do ITV e autor do estudo.
Ainda de acordo com o estudo o modelo de cultivo também influencia o resultado: áreas que preservaram a vegetação natural mantiveram um equilíbrio mais sustentável na produção do cacau.
O estudo também observou que o benefício da cobertura florestal varia conforme o tamanho das propriedades. Grandes produtores, com áreas acima de 10 hectares, conseguiram aproveitar melhor os efeitos positivos das florestas, enquanto pequenos agricultores enfrentam desafios, como maior dificuldade de acesso a tecnologias e mercado. Ainda assim, a manutenção das matas nativas é fundamental para garantir a produtividade a longo prazo.
As conclusões do estudo alertam que a expansão do monocultivo de cacau a pleno sol pode comprometer a produção, além de reduzir as florestas naturais e os serviços ecossistêmicos essenciais para a produtividade do cacau.
“É necessário incentivar políticas públicas que promovam os benefícios dos sistemas agroflorestais, apoiar financeiramente os produtores na transição para sistemas mais sustentáveis e fomentar a pesquisa sobre a viabilidade e os impactos dos monocultivos de cacau”, destaca o pesquisador
Após o estudo sobre a produção de cacau, a equipe de pesquisadores ressalta que continuará investigando formas de equilibrar rentabilidade e preservação, incluindo a diversidade genética das plantas, do clima e do solo, para fortalecer a produção do fruto.
Com informações do site Um Só Planeta