Comunidades de 14 áreas protegidas dos estados do Pará e Amazonas vão receber apoio para impulsionar o desenvolvimento de atividades econômicas baseadas na natureza. A iniciativa é do programa SustentaBio, fruto de uma parceria entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Fundo Vale, que vai investir 24 milhões até 2027 em projetos ligados à bioeconomia e à exploração sustentável dos recursos naturais da região.
O objetivo é valorizar comunidades que protegem a floresta por meio de conhecimentos ancestrais, mas que precisam de capacitação técnica para aprimorar a produção, a infraestrutura, a logística e o acesso ao mercado dos produtos locais, como castanha-do-pará, açaí, pirarucu, babaçu, óleos vegetais e madeira de manejo sustentável. A expectativa é beneficiar cerca de 6.500 famílias nos dois estados.
Os projetos atendidos foram avaliados e selecionados levando em conta o seu impacto social e ambiental. A ideia do SustentaBio é promover a conservação ambiental, mas também fortalecer as oportunidades de geração de renda para dinamizar a economia na Amazônia.
Entre os selecionados está o trabalho de manejo do Pirarucu, no Médio Juruá, no município de Carauari (AM), realizado pela Associação de Produtores Rurais de Carauari. Lá, os moradores participam de ações de assistência técnica e capacitação e recebem suporte para estruturação do entreposto comercial.
“O manejo do pirarucu tem tido uma importância chave para a geração de renda das comunidades locais e uma enorme importância para a conservação de uma espécie que já esteve fortemente ameaçada e está em franca recuperação, graças à atividade que elas desenvolvem, com a proteção dos lagos, vigilância, monitoramento e manejo”, disse ao Ecoa o coordenador-geral substituto de Articulação de Políticas Públicas e Economias da Sociobiodiversidade do ICMBio, Tiago Eli.
De acordo com Márcia Soares, gerente de Amazônia e Parcerias do Fundo Vale, a consolidação de estruturas de comercialização é crucial para tornar os negócios sustentáveis possam gerar um ciclo de prosperidade e se tornem mais rentáveis que o desmatamento.
“Quando fortalecemos a bioeconomia, isso será um fator estruturante que vai evitar que essas comunidades sejam levadas a praticar o desmatamento como fonte de sobrevivência”, destaca Márcia Soares.