A Acadêmicos do Grande Rio levará para a Marquês de Sapucaí, no Carnaval de 2025, um enredo que mergulha nas tradições e lendas da Amazônia paraense, mais especificamente nos terreiros de tambor de Mina.
O enredo Pororocas Parawaras: as águas dos meus encantos nas contas dos curimbós gira em torno da chegada de três princesas turcas à Amazônia, buscando cura para seus males. Essa narrativa, transmitida oralmente de geração em geração, é um dos pilares da cultura afro-amazônica e se manifesta nos rituais e cantos dos terreiros de Mina.
Em entrevista à Agência Brasil , o carnavalesco Leonardo Bora controu detalhes do que a escola de samba vai apresentar neste ano.
“É uma história de matriz oral que narra a saga de três princesas turcas que se encantaram em alto mar, atravessaram o espelho do encante, não experienciaram a morte e se tornaram entidades encantadas. Elas aportam em território brasileiro e se ‘ajuremam’ no coração da floresta, ou seja, experienciam os ritos da Jurema Sagrada [religião que mistura elementos afros e indígenas], transformando-se em animais de poder”, disse o carnavalesco.
Princesas
Bora lembra que as princesas são as entidades mais queridas do Tambor de Mina do Pará e celebradas pelos carimbós.
“São as protagonistas da Mina paraense. as entidades mais queridas do Tambor de Mina do Pará, celebradas e reverenciadas pelos carimbós. Por mestres como Dona Onete, cuja música Quatro Contas é a espinha do enredo, o que conduz poeticamente a nossa narrativa, já que nessa composição, Dona Onete saúda as três belas turcas como suas protetoras e também a cabocla Jurema”, diz.
No desfile da Grande Rio, cantora Fafá de Belém vai representar a princesa Mariana, a mais velha das três princesas, que se apresenta na figura da arara cantadeira. A princesa Herondina, que é a do meio, e simboliza a onça, terá na avenida a atuação da atriz Dira Paes. A terceira, mais nova, Jarina, representada pela jibóia e pela borboleta, será a cantora Naieme.
“Fiquei muito feliz, ainda mais, de vir como a cabocla Mariana, que é uma referência muito forte na minha vida, assim como todas as outras entidades femininas com as quais me identifico. A cabocla Mariana é tipo minha parceiraça”, disse Fafá, lembrando que esta é uma lenda que nos acompanha desde a infância.
Samba
Para o Carnaval deste ano, Leonardo Bora deposita grande confiança no samba escolhido, criado por um grupo ligado à escola de samba paraense Deixa Falar, com participação do Mestre Damaceno, um ícone do carimbó. A expectativa é que a Grande Rio transporte o público para um mundo de fantasia.
Bora ressalta a importância de Dona Onete e Mestre Verequete na representação do imaginário amazônico. Sobre Verequete, ele disse: “Cantou esse imaginário, o nome dele é o nome de um vodum, é quem reúne a cantaria segundo a tradição do tambor de mina”, relatou.
A apresentação da Grande Rio na Marquês de Sapucaí, na terça-feira, 4 de março, é uma oportunidade de levar essa rica história para um público amplo, promovendo o reconhecimento e a valorização da cultura afro-amazônica. O desfile promete ser um espetáculo de cores, sons e movimentos, celebrando a beleza e a força da Amazônia e de suas tradições.
Ao levar essa história para a avenida, a Grande Rio não apenas busca o título de campeã, mas também cumpre um papel importante na preservação e divulgação do patrimônio cultural brasileiro.