As secas levaram a Amazônia a perder, em 2024, 4,5 milhões de hectares de superfície de água em relação a 2022, último ano de ganho de superfície no País. No Brasil, foram 400 mil hectares perdidos, extensão que equivale a mais de duas vezes a cidade de São Paulo. Os dados fazem parte do levantamento do MapBiomas, divulgado nesta sexta-feira, 21, véspera do Dia Mundial da Água.
“A dinâmica de ocupação e uso da terra no Brasil, junto com eventos climáticos extremos, causados pelo aquecimento global, está deixando o Brasil mais seco”, explica Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água.
No ano passado, quase dois terços (63%) das bacias hidrográficas da Amazônia registraram perda de superfície de água em relação à média histórica, segundo o estudo MapBiomas, que analisou números dos últimos 40 anos. Os casos mais graves ocorreram em sub-bacias do Rio Negro, que apresentaram uma redução de mais de 50 mil hectares em comparação à média histórica.
“Foram dois anos consecutivos de secas extremas na Amazônia, sendo que, em 2024, a seca chegou mais cedo e afetou bacias que não foram fortemente atingidas em 2023, como a do Tapajós”, destaca o pesquisador do MapBiomas Carlos Souza Jr.
Os números mostram que, no Brasil, 8 dos 10 anos mais secos de toda a série ocorreram na última década. Ou seja, em termos nacionais, 2024 manteve a tendência de redução da superfície de água já registrada em 2023 e em anos anteriores. Os 17,9 milhões de hectares do território brasileiro cobertos por água em 2024 são 2% menores que os 18,3 milhões computados em 2023 e ficam 4% abaixo da média da série histórica.
Rios e lagos
No ano passado, rios e lagos foram os que mais perderam superfície de água no Brasil, segundo o estudo. Foram perdidos 2,4 milhões de hectares, 15% a menos na comparação com 1985.
De acordo com o MapBiomas, com seus 10 milhões de hectares de águas naturais, a Amazônia é um dos biomas – ao lado do Pampa e Pantanal – onde as bacias hidrográficas mais perderam superfície de água (405 mil hectares) em relação à média histórica. Um quarto (25%) das bacias hidrográficas brasileiras estiveram abaixo da média histórica em 2024.
Em termos gerais, o Pantanal foi o bioma mais prejudicado, perdendo 61% da cobertura no ano passado, destaca o estudo.
De acordo com Schirmbeck, os dados servem como um alerta “sobre a necessidade de estratégias adaptativas de gestão hídrica e políticas públicas que revertam essa tendência”.