O presidente da COP 30, embaixador André Corrêa do Lago, declarou que o Brasil pretende destacar o papel do setor agrícola no enfrentamento das mudanças climáticas durante a conferência climática, que acontece em Belém, em novembro deste ano.
Segundo Corrêa do Lago, a COP30 será uma oportunidade para o Brasil apresentar como a produção agropecuária nacional pode contribuir para solucionar a crise climática. Ele ressaltou que, além de ser afetada pelas mudanças no clima, a agricultura pode oferecer soluções.
“A agricultura tem de aparecer como um dos principais elementos, não apenas no que diz respeito às consequências das mudanças climáticas, mas também ao que ela pode trazer de positivo”, disse.
A afirmação ocorreu em vídeo exibido no evento Rumo à COP 30: O Agronegócio e as Mudanças Climáticas, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) nesta quarta-feira, 23, em São Paulo.
O presidente da COP 30 defendeu o potencial do setor para contribuir com soluções como a captura de carbono. Ele ressaltou que a conferência em Belém será uma vitrine para o papel do País na segurança alimentar e na transição para uma economia de baixo carbono.
“O Brasil é um grande exemplo para o mundo. E é isso que nós temos que mostrar”, disse.
Papel Estratégico
Dan Ioschpe, indicado como campeão de alto nível da COP 30, defendeu que o agronegócio tem papel estratégico no desenvolvimento socioeconômico do Brasil e deve integrar a agenda climática centralmente.
“É difícil para a gente ter uma estratégia de desenvolvimento socioeconômico no ambiente de sustentabilidade e de boas práticas que não contemple fortemente o agronegócio”, afirmou.
Ioschpe também mencionou que a atuação do Brasil frente à emergência climática precisa unir ações de mitigação, adaptação e resiliência, o que exigirá mudanças no modelo de desenvolvimento atual. Ele acredita que a elevação da renda média, com boa distribuição, pode impactar mais a adaptação e resiliência do que outras ações.
“Vai ser muito difícil evitar grandes danos se nós também não alterarmos o nosso padrão de desenvolvimento socioeconômico”, defendeu.
Para Ioschpe, o agronegócio brasileiro já apresenta avanços relevantes, como biocombustíveis e práticas inovadoras na pecuária, além do papel da preservação florestal. Ele destacou o potencial dos biocombustíveis nas soluções globais de energia.
“A agricultura produtiva que o Brasil pode oferecer ao mundo talvez não tenha paralelo”, afirmou.
Ele também abordou o potencial dos créditos de carbono, mas alertou que sua eficácia depende da universalização. Ioschpe fez um apelo à ciência e à ambição coletiva para que o Brasil aproveite a presidência da COP para avançar com soluções concretas.
“O Brasil demanda uma estratégia de desenvolvimento socioeconômico que passe pela sustentabilidade. E aqui nós podemos expandir as cadeias de valor com base nesse modelo”, afirmou.