O Dia do Agricultor é comemorado em 28 de julho porque foi exatamente nesse dia, em 1860, que foi criado o Ministério da Agricultura.
Desde lá, tanta água passou por debaixo da ponte… Da agricultura rudimentar passamos à agricultura mecanizada, com uso hoje até de drones, que exporta alimentos para o mundo inteiro. Por outro lado, assistimos com muita tristeza os indicadores mais recentes sobre o aumento daqueles que só fazem uma refeição por dia, não duas, quando a sorte bate na porta.
Quem segura as pontas no campo sabe: todo dia é dia do agricultor. Quando falamos da agricultura familiar, eles e elas são maioria neste país.
Quando analisamos a base mais recente disponível de dados do setor, o Censo Agropecuário de 2017, vemos que a agricultura familiar representa o maior contingente (77%) dos estabelecimentos agrícolas do país, mas, por serem de pequeno porte, ocupam uma área menor, 80,89 milhões de hectares, o equivalente a 23% da área agrícola total.
Em comparação aos grandes estabelecimentos, responsáveis pela produção de commodities agrícolas de exportação, como soja e milho, a agricultura familiar responde por um valor de produção muito menor: apenas 23% do total no país.
Considerando-se, porém, os alimentos que vão para a mesa dos brasileiros, os estabelecimentos de agricultura familiar têm participação significativa. Nas culturas permanentes, o segmento responde por 48% do valor da produção de café e banana; nas culturas temporárias, são responsáveis por 80% do valor de produção da mandioca, 69% do abacaxi e 42% da produção do feijão.
Força de trabalho
De acordo com o levantamento, a agricultura familiar empregava mais de 10 milhões de pessoas em setembro de 2017, o que representa 67% do total de pessoas ocupadas na agropecuária. A agricultura familiar também foi responsável por 23% do valor total da produção dos estabelecimentos agropecuários.
Sinal dos tempos
De acordo com a Lei 11.326, para ser classificado como agricultura familiar, o estabelecimento deve ser de pequeno porte (até 4 módulos fiscais); ter metade da força de trabalho familiar; atividade agrícola no estabelecimento deve compor, no mínimo, metade da renda familiar; e ter gestão estritamente familiar.
“Dez anos depois, a configuração dos produtores mudou. Aumentou muito o número de estabelecimentos em que o produtor está buscando trabalho fora, diminuiu a mão de obra da família e está diminuindo a média de pessoas ocupadas. O estabelecimento acaba não podendo ser classificado porque não atende aos critérios da lei”, comenta Antônio Carlos Florido, gerente técnico do Censo Agropecuário.
Outro fator é o envelhecimento dos chefes das famílias, ao mesmo tempo em que os filhos optam por outras atividades fora do domicílio agrícola, afirma Luiz Fernando Rodrigues, gerente substituto do Censo Agro 2017. “As pessoas estão ficando idosas, o que reduz o número de ocupados. Além disso, há o aumento da mecanização e da contratação de serviços”, acrescenta Rodrigues.
Pará terra boa
No Pará, a Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) tem cadastrado 5.912 agricultores que desenvolvem atividades na área vegetal. O Estado está no topo da produção nacional de cacau, abacaxi e açaí, além de ocupar a oitava posição na produção de banana. Outras culturas, como a da soja, estão surgindo como grandes potenciais para o agronegócio paraense.