O transporte hidroviário representa apenas 5% entre os modais de transporte, conforme afirmou a diretora de Infraestrutura Aquaviária do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Karoline Brasileiro Quirino Lemos, em audiência da Comissão de Desenvolvimento Regional (CDR) do Senado, na noite de segunda-feira, 23/8. Para ela, é preciso de mais investimentos.
Ela informou que em 2020 foram transportadas cerca de 110 milhões de toneladas de carga pelas hidrovias do país. Esse número representa cerca de 46% de crescimento em relação ao ano de 2010. Segundo Karoline Lemos, hoje são usados 18 mil quilômetro de hidrovias, embora o potencial do país seja de 64 mil quilômetros, ou seja, 255,5% maior.
A diretora também destacou que os custos das hidrovias são muito menores que os registrados no transporte rodoviário. Como exemplo, ela citou que um único comboio no Rio Tapajós, entre Mato Grosso e Pará, pode representar o volume transportado por 1.400 carretas.
Os demais debatedores apontaram que é urgente e necessário que o país destine mais investimentos para as hidrovias e para os programas de integração entre os variados modais de transporte.
O diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Adalberto Tokarski, lembrou que o transporte hidroviário é importante também para o passageiro. Ele pediu um olhar mais cuidadoso com o transporte na região amazônica, ao apontar que apenas um barco no Rio Amazonas pode transportar até 800 passageiros por viagem.
Segundo o Tokarski, o setor de carga por hidrovias tem registrado um crescimento sustentado nos últimos anos. Como exemplo, ele informou que o Rio Madeira, que passa pelos Estados de Rondônia e Amazonas, registrou um crescimento de 237% no transporte de carga entre 2010 e 2020, com destaque para o milho e a soja.
“As hidrovias têm muitas vantagens: o custo é mais baixo e é ambientalmente sustentável. Precisamos de uma política de Estado para o setor”, cobrou Tokarski.
O diretor de Navegação e Hidrovias da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura, Dino Antunes Batista, afirmou que a sociedade tem consciência da importância do transporte hidroviário e da sua expansão no interior do país. Ele disse, porém, que os incentivos para a diversificação não se mostram no Orçamento público de forma prática. Segundo Batista, os recursos para o setor hidroviário são muito menores do que aqueles para o setor rodoviário.
“A pressão que o setor público recebe é pelo asfaltamento, por mais rodovias e viadutos. A sociedade precisa cobrar seus representantes para dar prioridade ao transporte aquaviário”, pediu o diretor.
Fonte: Agência Senado