Pará é nossa terra boa e também é cheia de complexidade, entre elas, a mobilidade e logística, levando em consideração sua área territorial de 1.245.870,707 km² (IBGE, 2020). Talvez, para o público e palestrantes da Conferência do Clima da ONU (COP26), que vai até 12/11 na Escócia, fica difícil entender como preservação das florestas, avanços tecnológicos e o trabalho do povo paraense no asfalto ou na floresta são tarefas complicadas.
O Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas), Mauro O’de Almeida, puxou esse assunto nesta terça-feira, 9/11, durante a Conferência, com ênfase nas dificuldades logísticas dentro do bioma, especialmente em Altamira, uma das cidades campeãs em desmatamento na Amazônia e um dos municípios mais extensos do Brasil: “A sede de Altamira para um bairro de Altamira tem mil quilômetros de distância. De Marajó para seus municípios leva-se 10 horas de barco. E é só barco ou avião”, explicou o secretário.
Com o tema “Por que metas baseadas na ciência são importantes?”, a mesa contou com Lucia Rodrigues, Líder de Filantropia da Microsoft, e Andrea Alvares, vice-presidente de Marketing, Inovação e Sustentabilidade da Natura.
Levantando desafios sobre cidades cercadas por floresta, o secretário apontou que Belém, por exemplo, não alcançaria o recomendado de área verde por habitante se não fosse a floresta.
“Se no Pará, o maior emissor de gases de efeito estufa é a pecuária, temos que tratar isso com o zoom que merece. Para reduzirmos os gases de efeito estufa temos que fazer primeiro que se reduza o desmatamento com comando e controle, sim, mas também mudanças com estratégias”, disse.
Ele ainda ressaltou a importância de ter como prioridade a preservação do conhecimento do patrimônio tradicional paraense em qualquer medida tecnológica ou de inovação.
“Bioeconomia nós já fazemos há muito tempo. A Natura fala muito hoje em óleos essenciais. Para nós, óleos de copaíba, andiroba, cupuaçu sempre foram usados de forma medicinal em casa. Ciência para nós é uma ciência do cuidado, é a bioeconomia do cuidado. Nós não fazemos nada sozinhos, e não fazemos na Amazônia nada sem envolver nossa ancestralidade”.
No ponto de vista econômico, o secretário apontou que devem ser potencializadas estratégias para trabalhar produtos já conhecidos como cacau, açaí e pimenta do reino com incentivo à cadeia sustentável, crédito para o micro e pequeno produtor e que o Pará vem realizando essas estratégias, na prática, com iniciativas como o Programa Regulariza Pará, Banpará-Bio e Regulariza Pará.
Tecnologia
No encerramento do painel, o secretário lançou para a Microsoft um desafio: “Não é possível com o nível de tecnologia que temos hoje, que não possamos fazer um inventário com sistema de satélite. Não conseguimos enxergar o levantamento da idade e quantidade de árvores que temos na Amazônia. Isso é muito importante para alavancar planos de manejo ambiental sustentável. E é aí que temos baixo desmatamento”, disse.
A empresa Microsoft apresentou para representantes dos governos do Pará e do Maranhão um sistema desenvolvido para análise e previsão de degradação ambiental, batizado de Previsa. Criada em parceria pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Microsoft e Fundo Vale, a ferramenta usa Inteligência Artificial (IA) para prever áreas sob risco de desmatamento na Amazônia, fornecendo informações para evitar a ocorrência de degradação.
Além de um mapa de calor, a plataforma também indica municípios, unidades de conservação, terras indígenas, territórios quilombolas e assentamentos rurais sob risco de desmatamento. Essas informações podem ser usadas por órgãos públicos para o planejamento e a execução de ações preventivas, de combate e de controle do desmatamento. Outra sugestão apresentada na reunião foi a de que o sistema possa ser oferecido de forma offline, para poder ser utilizado em áreas de difícil acesso à internet.
“A gente colocou para eles a necessidade de acrescentar filtros, como projetos de infraestrutura, projetos que estão planejados para acontecer, que são grandes indutores de desmatamento e eles precisam considerar isso dentro do sistema de previsão de desmatamento do Previsa. Outra questão é mapeamento de áreas de regeneração secundária, sugerimos para que seja colocado com filtro da base desse sistema de informação, bem como a importância de manter os insumos de dados do Previsa sempre atualizados”, afirmou Rodolpho Zahluth Bastos, Secretário Adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Semas.
Fonte: Com Semas/PA