O aumento da demanda regional, nacional e internacional pelo açaí fez crescer ainda mais os riscos aos extrativistas. Se antes o açaí era para o consumo familiar e era comercializado apenas localmente, agora o peconheiro, aquele que apanha o açaí na árvore, tem uma meta de produção.
Não é necessário grande esforço de imaginação para entender os múltiplos riscos daqueles que sobem em finas palmeiras até 20 metros de altura, com facões sem bainha na costa, sem vestimentas adequadas e com o uso de um único acessório para a escalada, a peconha.
Quedas de árvores, picadas de animais venenosos e peçonhentos, riscos de lesões no corpo são apenas alguns dos exemplos de acidentes mais comuns na colheita do açaí, conforme levantamento do Instituto Peabiru, de 2016. De acordo com a pesquisa, cerca de 90% dos peconheiros sofreram algum acidente de trabalho na atividade da coleta.
Pensando nisso, as desenhistas polonesas de produtos Monika Brautsch e Dorota Kabala, em parceria com Carolina Menezes, desenvolveram o chamado “kit peconheiro” como forma de oferecer mais segurança aos peconheiros e evitar esses acidentes de trabalho. O material foi apresentado no início de novembro no Austin Design Week, evento anual voltado ao design que ocorre no Texas/EUA. Ele é composto de protetor de antebraço (com luva e sem luva), cinto multifuncional, bainha, laço e o laço com gancho e pulseira.
Segundo Monika Brauntsch, um dos principais compromissos do projeto foi desenvolver equipamentos de proteção utilizando técnicas de design, sem deixar de respeitar os métodos tradicionais de coleta do açaí.
“A experiência e tradição locais foram combinadas com uma abordagem de design profissional. As soluções selecionadas foram desenvolvidas por nossa equipe visando atender aos padrões de segurança e resistência. Vale ressaltar que todos os nossos produtos são sustentáveis e amigáveis à natureza da floresta amazônica”, explica a designer da fundação e da empresa KAFTI, que apoiou o desenvolvimento do projeto.
Agora, as desenhistas buscam novas parcerias com empresas ligadas ao setor e que invistam em meios de combater os altos números de acidentes de trabalho. “Nosso objetivo é encontrar ONGs ou parceiros que atuem na região e que tenham expertise em produzir e comercializar, a valores acessíveis, o Kit dos Peconheiros. Esses produtos têm potencial para melhorar as condições de trabalho destes profissionais, reduzindo o número de acidentes”, afirma Monika.
Fonte: Instituto Peabiru