No Estado do Pará, a piscicultura ainda é incipiente, mesmo que tenha havido incentivo público para a atividade nas últimas décadas e produtores de base familiar disponham de infraestruturas para produzir o pescado nos seus estabelecimentos. São comuns problemas relacionados à baixa produtividade e altos custos de produção, o que compromete a renda, a segurança alimentar e a comercialização.
Para contornar essa situação, teve início na semana passada o projeto Ver-o-Peixe, em Capitão Poço. A valorização dos saberes locais e a construção coletiva das soluções unindo a pesquisa, produtores familiares e instituições locais constituem os diferenciais do projeto que atua no município em parceria coma Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), campus Capitão Poço. A primeira visita em campo ocorreu entre os dias 29/11 e 1/12.
A ideia é fortalecer a piscicultura familiar por meio de capacidade técnica, econômica e comercial para a sustentabilidade da atividade, segurança alimentar e geração de renda.
Francisco Jair do Nascimento, secretário municipal de agricultura de Capitão Poço, recebeu com otimismo a equipe do projeto e espera que as ações auxiliem o município na profissionalização da piscicultura familiar.
O secretário reiterou que a agricultura familiar é a base da economia do município e tem na piscicultura uma das atividades mais importantes e, portanto, é uma das prioridades da secretaria.
“Estamos com ações de escavação de tanques em várias propriedades para a criação de peixes e a chegada do projeto vai somar esforços para atividade”, comemorou Jair do Nascimento.
O projeto
O Ver-o-Peixe é uma tecnologia social da Embrapa, certificada pela Fundação Banco do Brasil (FBB), gerada a partir de experiências aplicadas pela primeira vez entre 2008 e 2012 nos municípios de Mãe do Rio, Aurora do Pará e Irituia, em resposta a demandas reais de piscicultores familiares da região. O resultado são referências seguras para a piscicultura familiar.
A pesquisadora Rosenaly Corrêa, da Embrapa Amazônia Oriental, coordenadora do projeto, comentou que a cidade de Capitão Poço foi escolhida para uma nova versão do Ver-o-Peixe para atender a uma demanda local identificada inicialmente pela Emater.
“Depois validamos a demanda com parceiros da Ufra e com os próprios piscicultores do município que manifestaram o interesse na proposta por meio do envio de cartas de intenção à equipe da Embrapa”, disse.
Para ela, uma das premissas principais do Ver-o-Peixe é exatamente o respeito aos saberes dos agricultores.
“São os produtores que sabem sobre os recursos disponíveis, práticas, culturas e alocação dos seu tempo. Eles observam e experimentam cotidianamente. Assim, quando há diálogo com pesquisadores há também a potencialização das inovações e melhor adesão porque todos aportam contribuições para solucionar problemas concretos”, analisou.
Fonte: Embrapa Amazônia Oriental