O Pará tem regiões conhecidas de difícil acesso. Ficam tão isoladas que pouca gente conhece. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) vence qualquer barreira quando o assunto é desenvolver comunidades tradicionais por meio da produção de riquezas locais, como a de Santa Luzia, no município de Almeirim, na divisa com o Amapá.
Em dezembro do ano passado, a Associação de Santa Luzia completou um ano de existência. Atualmente, as 22 famílias associadas colhem por ano cerca de 18 toneladas de cacau e 10 toneladas de açaí. Além disso, pescam seis toneladas de camarão e alguns quilos de peixe. O cacau é vendido para virar chocolate na Transamazônica, o açaí abastece a região do Jari, com o excedente para o Amapá, e o camarão acaba importado para a capital Belém.
Isso ocorre graças à assistência da Emater à localidade.
“A presença da Emater tem ajudado a gente a sonhar grande e a realizar grande. É muita transformação em pouco tempo. São nossos conhecimentos dando as mãos pros conhecimentos dos técnicos da Emater e juntos todos mundo acreditando que pode dar certo”, afirma o agricultor Ronelson Teles, 41, presidente da Associação dos Produtores Agroextrativistas e Pescadores Artesanais da Comunidade Santa Luzia do Taiassuy e Região (Aprosan).
A demanda de um atendimento mais intensificado e regular da Emater se estrutura com a organização social. O objetivo é mobilizar os agricultores e organizar os sistemas produtivos, prospectando novos mercados e aumentando margens de lucros.
“É possível, por exemplo, estudar formas de, pouco a pouco, reduzir a dependência de atravessadores para o escoamento da produção e beneficiar as matérias-primas”, propõe o chefe do escritório local da Emater, o técnico em agropecuária Elinaldo Silva.
“As seis famílias que ainda não se associaram irão se convencer pelo bom exemplo. Com a assistência técnica, estamos saindo do mero plantar intuitivo para tecnologias verdadeiras de manejo e acesso a direitos como crédito rural. É uma troca de saberes”, planeja Ronelson.
A injeção de recursos é para expandir e melhorar as lavouras. O foco, ademais, coloca-se em agroindústria, insumos e capacitações . “Penso, por exemplo, em uma despolpadeira e até em turismo rural”, enumera.
Com sede própria e a expectativa para agora em 2022 de um viveiro de mudas via apoio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio), a Aprosan é considerada pela Emater um case de sucesso.
“É como se fosse um projeto de resultado relâmpago, porque a receptividade dos agricultores foi muito boa e as políticas públicas do setor têm bastante cabimento para o interesse e o potencial das famílias”, indica o técnico Silva, da Emater.
Neste semestre, ainda, a Emater está articulando a liberação de pelo menos R$ 200 mil de crédito rural para o manejo de açaizais.
Fonte: Aline Miranda, Emater-PA