O Pará é o décimo Estado na produção de arroz no Brasil. Por isso, o produtor deve ficar de olho numa nova semente apresentada pela Embrapa nesta sexta-feira, 18/02. Trata-se da chamada BRS A705, de ciclo precoce, que utiliza menos água e é de porte mais baixo. A cultivar apresentou resultados de elevada produtividade e de qualidade de grãos.
A utilização de cultivares de ciclos diferentes possibilita que o orizicultor realize a semeadura dentro da janela mais indicada, a qual é bem restrita nas áreas de cultivo de arroz. A prática também ajuda a escalonar a colheita de forma que os grãos sejam colhidos dentro da faixa indicada para maximizar a qualidade industrial, com baixos percentuais de grãos gessados e elevada quantidade de grãos inteiros.
Por outro lado, mesmo sendo desejável do ponto de vista técnico, a utilização de cultivares de ciclo precoce somente é implementada pelos orizicultores se as cultivares disponíveis apresentarem elevado potencial produtivo. “Poderá haver alguma redução de produtividade, devido ao ciclo menor, mas que será compensada pela redução dos custos de irrigação, na comparação com cultivares de ciclo mais longo, as quais tendem a ser mais produtivas na comparação com as de ciclo mais curto”, esclarece o pesquisador do Núcleo Temático de Grãos da Embrapa Clima Temperado Élbio Treicha Cardoso.
Conforme o pesquisador, a época de semeadura ideal deve ser aquela em que a diferenciação da panícula (inflorescência da planta de arroz) ocorre nos primeiros dias de janeiro, porque nesse período os dias apresentam maior duração, o que colabora para a obtenção de altas produtividades. “A densidade de semeadura deve possibilitar o estabelecimento de um estande de 200 a 300 plantas por metro quadrado, sendo necessários cerca de 90 kg de sementes aptas por hectare”, informa.
Outro ponto que chama atenção na BRS A705 é a menor demanda de quantidade de água para a sua produção, em função do ciclo precoce.
“Em média, há uma redução em torno de 8% na demanda de água, tendo como referência uma cultivar de 130 dias de ciclo, da emergência à maturação. Essa economia de água, com elevada produtividade, colabora para a redução de custos, pois, além de menos água utilizada haverá menor demanda de energia para a irrigação, o que ocasiona melhor exploração dos recursos hídricos e energéticos disponíveis”, destaca o cientista da Embrapa.
O porte baixo da cultivar BRS A705 lhe confere maior tolerância ao acamamento, colaborando assim para maior flexibilidade no manejo de adubação, em especial nitrogenada, mas também na densidade e época de semeadura, além da altura da água utilizada na irrigação.
Arroz no Pará
Segundo dados de 2019 da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), o Pará ocupa a décima colocação em produção de arroz em casca no País. O município Cachoeira do Arari concentra cerca de 30% dessa produtividade, seguido de Altamira e Santana do Araguaia. Por região, Marajó é a mais importante, seguida de Rio Capim, Xingu, Tapajós e Araguaia.
Fonte: Embrapa Clima Temperado e Sedap-PA