Quando uma guerra começa, a primeira vítima é a verdade. Prova recente dessa afirmação é o trabalho que alguns sites do Amazonas têm feito em favor do PL 191/2020, conhecido como o PL da Mineração em Terras Indígenas, com argumentos falsos, sem mencionar impactos negativos da atividade exploratória ou consultar os representantes dos povos indígenas.
Outra prova da campanha de mentiras, quando estourou o conflito no Leste Europeu, no final de fevereiro, foi a pressão do Governo Federal para que o PL 191/2020 fosse aprovado sob o argumento de que o projeto resolveria o problema da dependência brasileira de potássio vindo da zona de guerra. Só que o paraense soube que a 2/3 dos depósitos do mineral no Brasil estão fora da Amazônia Legal, precisamente em Minas Gerais, São Paulo e em Sergipe.
Mapeamento do projeto Mentira tem Preço levantou sites e blogs do Amazonas que, de forma deliberada ou por meio da reprodução de discursos, mentem, criminalizam ou colocam sob suspeita o trabalho de ONGs e não publicam informações sobre recordes de desmatamento.
Foram mapeados 42 veículos locais a partir do Atlas da Notícia de 2020, relatório anual produzido pelo PROJOR (Instituto Para o Desenvolvimento do Jornalismo) que mapeia veículos de imprensa em todo o País.
Um deles é o site Amazonas Pix, cujo diretor Paulo Apurinã, que se apresenta como indígena e se autodescreve como “senador em preparação”, também aparece como responsável pelo site Amazon Presse.
Em áudio divulgado no site e em grupos de Whatsapp do Estado, obtido pelo site Infoamazonia, Apurinã diz que é o “PL da libertação do índio do Brasil”, como se fosse uma conquista da população indígena, ignorando o posicionamento contrário a essa legislação por parte das principais organizações que representam essa população no País, como a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia).
Em 2014, Apurinã foi preso acusado de obstruir o trabalho da Justiça num processo de crimes de injúria e difamação, conforme noticiou o site Amazônia Real na ocasião.
Além desse site Amazonas Pix, os outros veículos monitorados CM7, O Chefão da Notícia e Portal do Jota repetem os argumentos mentirosos do Governo Federal, de que a saída para o País produzir fertilizantes é explorar as jazidas em terras indígenas e assim suprir a demanda por potássio, até então comprado da Rússia.
Você acompanhou por aqui que as mineradoras se voltaram contra o PL 191/2020, como a associação que representa o setor, o Ibram, e a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, movimento formado por mais de 300 representantes do agronegócio, sociedade civil, setor financeiro e academia.
Postagem de 25 de fevereiro do site CM7 afirma que “há um impasse ideológico que gera atraso para autonomia nacional”, sem citar dados oficiais, mencionar impactos ou ouvir a comunidade indígena. A postagem do CM7 menciona, ainda, “setores” do Ministério Público e duas organizações do terceiro setor, o “Instituto Socioambiental da Amazônia (ISA)” e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O CM7 pertence à publicitária bolsonarista Cileide Moussallem Rodrigues, que tentou se eleger deputada estadual em 2018.
O secretário executivo do Cimi, Eduardo Cerqueira de Oliveira, afirmou ao “Infoamazonia” que, ao fazer esse tipo de propagação, os sites “estão contribuindo para a violência contra os povos indígenas, contra lutadores dos direitos humanos no Brasil e, principalmente, dos direitos dos povos indígenas no país”.
Já o MPF afirmou que não existe nenhuma investigação sobre redes de desinformação e fake news em curso e não se manifestou sobre a publicação em que a instituição é citada.
O site amazonense Portal do Jota cedeu espaço para o ex-governador José Melo (Pros), cassado em 2017 por suspeita de desvio de dinheiro público, publicar um artigo em defesa do PL 191. Melo anunciou que vai disputar as eleições em 2022 como deputado estadual.
Por isso, o paraense, amazonense e todo e qualquer amazônida deve ficar atento. O Pará Terra Boa é um site comprometido com a verdade, que não divulga fake news, e não tem qualquer vincluação política.
Fonte: Infoamazonia
LEIA TAMBÉM:
Associação de mineradoras condena PL da Mineração em Terras Indígenas
PL da Mineração é falsa solução para perfurar Amazônia em busca de potássio