Uma pesquisa inédita apontou que a maior parte das áreas em regeneração na Amazônia está em locais de difícil plantio de grãos. Ou seja: é possível recuperar a floresta em larga escala sem perder terras agricultáveis e com baixo custo.
Como você já leu aqui neste espaço, recuperar área degradada pode ser simples e barato: Paragominas que o diga, onde duas fazendas conseguiram recuperar 1.685 hectares para a adequação ao Código Florestal.
Qual é o tamanho?
Publicado pelo projeto Amazônia 2030, o estudo é de autoria de pesquisadores do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Eles analisaram o potencial agrícola de 7,2 milhões de hectares mapeados em 2019 onde a vegetação secundária (que nasce após o desmatamento) tinha a partir de seis anos. E o resultado foi que 5,2 milhões de hectares estão em locais classificados como “de baixa aptidão agrícola”, o que corresponde a 73% do total.
E a vantagem?
Maior do que o Estado do Rio de Janeiro, essa área pode garantir ao Brasil o cumprimento da meta estabelecida na Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Proveg), criada em 2017. À época, o País se comprometeu a recuperar 4,8 milhões de hectares desmatados no bioma.
Além de impedir prejuízos com multas ambientais, ter propriedades adequadas à legislação pode ajudar o produtores rurais a conseguir financiamentos e a valorizar a produção.
De quem é a área?
A pesquisa também analisou de quem é a posse dessas áreas em regeneração que não são adequadas para a agricultura e apontou que 36% são territórios privados ou estão em assentamentos. Isso significa que proprietários de terras e agricultores familiares têm a oportunidade de usar 1,8 milhão de hectares para adequarem suas áreas à legislação ambiental, que exige que parte da propriedade seja de vegetação nativa. E o melhor: com baixo custo.
“Proteger essas áreas vai resolver tanto problemas dos grandes e médios produtores quanto dos agricultores familiares. Para quem tem áreas maiores, deixar a floresta se regenerar é muito mais barato do que começar a restaurar. Já para os pequenos agricultores, as partes da propriedade em regeneração podem servir como fonte de renda por meio do extrativismo de espécies nativas como açaí, cupuaçu e castanha”, diz o pesquisador Paulo Amaral, do Imazon, um dos autores do estudo.
Ficar de olho
Caso a vegetação secundária seja conservada por pelo menos 30 anos, ela pode adquirir características semelhantes às da primária. Com isso, se tornará o que os pesquisadores classificam como “floresta madura”, que é capaz de contribuir de forma mais significativa para barrar o aquecimento global do que as áreas em regeneração há pouco tempo.
Evitar que esses 7,2 milhões de hectares sejam derrubados novamente contribui para a manutenção dos rios, o equilíbrio das chuvas e a proteção da biodiverdidade em um momento de emergência climática. Relatórios assinados por cientistas de todo o mundo para a Organização das Nações Unidas (ONU) têm alertado que, caso o aquecimento global siga aumentando, vamos sofrer com maior frequência e intensidade fenômenos extremos como secas e tempestades. O que irá causar prejuízos tanto no campo quanto nas áreas urbanas.
Acesse aqui a publicação completa do estudo.
Fonte: Imazon
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