Você sabe se a carne que você come vem de área desmatada? Essa pergunta circula cada vez com mais frequência pelo Brasil afora. O fundamental no questionamento é que os consumidores podem ajudar a frear o desmatamento na maior floresta tropical do planeta, exigindo que a carne bovina que comem não venha de áreas de desmatamento.
Mas, para garantir a origem da carne, é preciso monitorar toda a cadeia produtiva, começando pela fazenda onde nasce o bezerro e seguindo por todo o caminho que o produto faz até chegar à mesa das pessoas. Por isso, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e o Instituto O Mundo Que Queremos estão desenvolvendo um novo indicador público de transparência e controle da cadeia de produção e comercialização de carne bovina no Brasil: o Radar Verde, que foi lançado nesta quarta-feira, 27/04.
A iniciativa acompanha a evolução dos tempos atuais com o crescimento cada vez maior da pecuária no Pará, por exemplo. São Félix do Xingu que o diga, já que é o município com mais cabeças de gado do Brasil.
Brasileiros preocupados?
Você sabia que mais de 40% do rebanho brasileiro está localizado nos Estados que compõem a Amazônia Legal, e os brasileiros estão preocupados com isso? De acordo com uma pesquisa encomendada pelo Radar Verde e realizada pelo Reclame AQUI, os brasileiros acham importante rastrear a carne que consomem.
Mais de 40% dos entrevistados responderam que já deixaram de comprar carne de fabricantes associados ao desmatamento ou violação de leis ambientais e 58% afirmaram que a informação clara sobre a procedência da carne é um fato relevante na hora da decisão da compra. Além disso, a maioria (79%) afirmou que quem vende a carne bovina (supermercados e frigoríficos) deve ser responsável por verificar se a produção causou ou está relacionada com o desmatamento.
Mercado obscuro
O déficit de transparência e controle dessa cadeia produtiva deve afetar cada vez mais as vendas das empresas. Entre os mais de 9 mil consumidores que responderam à pesquisa, 4.008 disseram que já deixaram de comprar carne de fabricantes publicamente associados ao desmatamento e 43% afirmaram que a marca da carne é um fator importante na hora da escolha.
Caso a rastreabilidade fosse regra, 73% dos consumidores disseram que deixariam de comprar em supermercados e frigoríficos que não conseguem garantir a procedência da carne que vendem e que a produção não causou desmatamento.
TAC da Carne
Em 2009, a fim de se encontrar uma solução para o desmatamento advindo da pecuária, algumas empresas do setor assinaram o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do Ministério Público Federal e/ou o Compromisso Público da Pecuária (CPP), a partir dos quais se comprometeram a não comprar animais de propriedades com irregularidades socioambientais no Pará.
Só que vários frigoríficos não cumpriram as exigências, comprando animais de localidades que desmataram a Amazônia. As demais irregularidades envolvem, entre outras, compras de fazendas embargadas pelo Ibama ou de localidades sem Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou Licença de Atividade Rural (LAR).
Fonte: Instituto O Mundo que Queremos
LEIA TAMBÉM:
Pastagem ocupa 75% da área desmatada em terras públicas na Amazônia
Auditoria do MP aponta irregularidades na compra de bovinos pela JBS no Pará
Supermercados europeus boicotam carne brasileira e produtos associados à JBS
Cupuaçu traz mais renda para o produtor do que a soja e carne por ano/hectare