Quase metade da perda de florestas primárias (aquelas que nunca foram tocadas ou que sofreram pouquíssima intervenção do homem) no mundo em 2021 se deu no Brasil. O dado é do Global Forest Watch (GFW), plataforma de monitoramento de florestas em todo o planeta, divulgado nesta quita-feira, 28/04..
Pois é, o que os cientistas estrangeiros registram o paraense vê e sente na própria pele. Entre janeiro e março de 2022, a Amazônia perdeu uma área equivalente a metade da cidade do Rio de Janeiro. Foram 687 km² de floresta que foram ao chão no primeiro trimestre do ano, segundo medições do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Nesse levantamento, Mato Grosso foi o Estado que mais desmatou. Em segundo lugar ficou o Pará, com 27% da derrubada da Amazônia (33 km²). Desse total, 21% (7 km²) foram registrados apenas dentro de duas unidades de conservação, a APA Triunfo do Xingu e Flona do Jamanxim. Elas foram as áreas protegidas com maior derrubada na floresta em março, com 5 e 2 km², respectivamente.
Já no estudo do GFW, foram 1,5 milhão de hectares de florestas tropicais primárias perdidas no ano passado, o que representa 40% de toda a perda de florestas primárias no planeta em 2021. O Brasil lidera o triste ranking da perda de florestas bem à frente do segundo colocado (República Democrática do Congo, com 500 mil hectares).
Todos os anos, o GFW apresenta uma avaliação independente do estado das florestas do mundo no ano anterior. Os dados são produzidos a partir de análises geoespaciais desenvolvidas pela Universidade de Maryland, nos EUA, e monitoram a cobertura florestal no mundo todo, incêndios florestais e perda de florestas primárias nos trópicos.
A atualização deste ano apresenta uma novidade, que são as perdas de florestas causadas ou não por fogo. No caso do Brasil, nem mesmo a redução dos focos na Amazônia e Pantanal em 2021 alterou essa tendência. As perdas não relacionadas ao fogo – que no Brasil são mais frequentemente associadas à expansão agrícola – aumentaram 9% entre 2020 e 2021.
“A perda de floresta primária no Brasil é especialmente preocupante, pois novas evidências revelam que a floresta amazônica está perdendo resiliência, estando mais perto de um ponto de inflexão do que se pensava anteriormente”, diz Fabíola Zerbini, diretora de Florestas, Agricultura e Uso do Solo do WRI Brasil.
No mundo
Fonte: GFW: O Global Forest Watch é uma plataforma global de monitoramento de perda de florestas em todo o planeta. Ela analisa e interpreta os dados fornecidos pela Universidade de Maryland, com resolução de 30 metros, que mapeiam a perda de cobertura arbórea, ou seja, tanto de florestas naturais como de florestas plantadas e perda devido a causas naturais ou humanas.