A Associação Brasileira de Bioinsumos (ABBINS) e o Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS) publicaram carta aberta na sexta-feira, 9, afirmando que a “burocratização excessiva poderá inviabilizar a produção de bioinsumos para uso próprio e incentivar o uso de agrotóxicos” no País.
Dias antes, as duas entidades haviam enviado uma carta para Câmara dos Deputados pedindo urgência da conclusão dos debates no Congresso Nacional, relacionados à legislação que envolve à produção de bioinsumos para uso próprio.
“Estamos enfrentando um gravíssimo e talvez o maior risco em relação a um direito já adquirido. E o impacto será gigantesco, pois estamos falando de milhares e milhares de produtores rurais que poderão enfrentar burocracia impeditiva para produzir seus bioinsumos em suas propriedades, ficando assim refém da grande indústria. Os agricultores querem continuar produzindo seus próprios bioinsumos para uso próprio. Isso representa redução de custos de produção e a não dependência de utilização de agrotóxicos na produção agrícola brasileira”, afirma o diretor executivo da ABBINS, Reginaldo Minaré, em nota.
Isso porque, de acordo com ABBINS e a GAAS, o Senado Federal, cometeu “um erro de engenharia normativa” no Projeto de Lei (Projeto de Lei n° 1.459, de 2022) que deu origem à Nova Lei dos Agrotóxicos (Lei nº 14.785, de 2023) ao retirar do texto disposição “favorável aos agricultores, à sociedade e ao meio ambiente, e deixou a parte que atende integralmente aos interesses da grande indústria de agrotóxicos e de algumas empresas de produtos biológicos”.
Desde 2009, o decreto nº 6.913 permite que agricultores produzam bioinsumos para uso próprio sem a necessidade de registro. De acordo com as entidades do setor, desde então houve avanço “enorme” em relação à redução do uso de agrotóxicos e aumento da utilização dos insumos biológicos.
E agora, com a Nova Lei dos Agrotóxicos, a partir de janeiro de 2025, os agricultores que produzem bioinsumos para uso próprio serão obrigados a solicitar registro ou autorização do poder público, como se fossem indústrias. As entidades temem que isso inviabilize a produção de bioinsumos devido à burocracia e insegurança jurídica.