O paraense já percebeu que o cupuaçu é uma importante frutífera para segurança alimentar e para economia regional. Espécie perene, apresenta pouco tempo para produção inicial de frutos – de dois a quatro anos após o plantio – e uma longa vida útil: mais de uma década de produção após primeira safra.
Para fomentar ainda mais o mercado da fruta, a Embrapa lança em maio um kit de cinco clones, denominado Cupuaçu 5.0, de alta produtividade e resistentes à vassoura-de-bruxa. Ele é composto pelas cultivares de cupuaçuzeiro BRS Careca, BRS Fartura, BRS Duquesa, BRS Curinga e BRS Golias.
As novas cultivares, por serem clones, devem ser propagadas por meio de enxertia, seja para a formação de novos pomares ou, ainda, para a substituição de copas de plantas improdutivas, por meio de outra tecnologia preconizada pela Embrapa, a substituição de copa do cupuaçuzeiro, tornando o cultivo dessa espécie mais rentável e sustentável. Outra característica importante é o fato de o kit ser formado por cinco clones que se complementam e, portanto, necessitam ser plantados simultaneamente, sendo as plantas arranjadas no campo de forma intercalada, para que possam expressar todo potencial produtivo.
A tecnologia da substituição de copa da fruta consiste na poda de alguns ramos do cupuaçuzeiro improdutivo e, nos brotos que a planta vier a emitir, é realizada a enxertia com clones resistentes. Após a verificação do pegamento do enxerto, gradualmente a copa original do cupuaçuzeiro é eliminada, para que todo o sistema radicular da planta adulta trabalhe em função da brotação recém-emitida do enxerto.
Fartura no Pará
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registram que o cultivo do cupuaçu pode ser encontrado, em diferentes escalas, na maioria dos 144 municípios do Pará, majoritariamente, na agricultura familiar.
De acordo com o Censo Agropecuário, estima-se que o volume da produção nacional de cupuaçu, em 2017, último ano de publicação pelo IBGE, foi de 21.240 toneladas, correspondente a uma área colhida de 13.504 hectares, com a atuação de 15.747 estabelecimentos produtivos. O valor estimado do total da produção nesse segmento produtivo correspondeu a R$ 54,8 milhões.
Embora enfrente problemas da demanda de polpa, os agricultores familiares seguem apostando no cultivo do fruto, principalmente como componente dos Sistemas Agroflorestais (SAFS), forma de produção que concentra a maior parte do cultivo das plantas no Estado do Pará.
Produtividade do kit
O Cupuaçu 5.0 apresenta dupla aptidão, pois apresenta bom rendimento tanto de polpa quanto de amêndoas. Na comparação com as demais cultivares lançadas pela Embrapa Amazônia Oriental, o Cupuaçu 5.0 produz até 14 toneladas (t) de frutos por hectare (ha), enquanto a BRS Carimbó, lançada em 2012, chega na média de 8 toneladas. E muito acima da média do Estado do Pará, que é de apenas 2,5 t/ha, segundo levantamento realizado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca – Sedap (LSPA – Cupuaçu/Belém, PA, 2018.)
A produtividade de amêndoas frescas é outro item no qual essa coleção de clones se destaca. Valorizada no mercado tanto da gastronomia, por ser a base do cupulate, doce semelhante ao chocolate, quanto como insumo para a indústria de cosméticos, a produção desse segundo produto no Cupuaçu 5.0 chega a quase o dobro por hectare, se comparada à BRS Carimbó, com 1,9 t/ha e, exponencialmente acima da média estadual, com 0,4 t/ha.
Segundo o estudo Bioeconomia da Sociobiodiversidade do Pará, elaborado pela The Nature Conservancy, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Natura, a comercialização de 30 produtos extraídos da Amazônia no Estado gerou uma renda total de R$ 5,4 bilhões em 2019. Nesse levantamento, o cupuaçu aparece entre os dez com maior potencial de exportação e agregação de valor.
Fonte: Embrapa Amazônia Oriental