Por Gisele Coutinho
O significado de cabruca é “roçar o mato”. Mas, no caso de quem planta cacau no Pará, trata-se de uma técnica que pode otimizar a produção do fruto, evitar o fogo no manejo – que se torna mais perigoso em épocas de estiagem – e ainda proteger o solo da floresta.
Prática presente em diversas propriedades que utilizam do Sistema Agroflorestal, funciona sob o dossel, ou seja, o teto denso das árvores de uma floresta nativa.
O Pará Terra Boa conversou com Marizita Lima, chefe do escritório local da Emater em Moju, município pertencente à microrregião de Tomé-Açu, que nos explicou sobre a importância da técnica.
“O cultivo é feito através da remoção do sub-bosque (conjunto de vegetação de baixa estatura) e da retirada de galhos para entrada de luz na mata, que chamamos de raleamento”, explicou.
O objetivo é manter o microclima local, possibilitando bons índices de colheita.
Onde pode ser aplicada?
Marizita conta que, normalmente, a técnica da cabruca é valorizada em propriedades de agricultura familiar. Em Moju, o agricultor conta com assistência técnica da Emater, em parceria com a Secretaria de Agricultura municipal.
A prática é voltada para o cultivo do cacau, porém, em Moju, a Emater incentiva a prática de sistemas agroflorestais (SAFs) para aplicação da cabruca. O SAF é a forma de uso e ocupação do solo em que árvores são plantadas ou manejadas em associação com culturas agrícolas ou forrageiras
Bem-estar
“Os benefícios são a não utilização do fogo e nem da utilização de máquinas agrícolas no preparo de área, sendo utilizada a mão de obra familiar, assim como o benefício da disponibilidade de matéria orgânica no solo”, conta Marizita.
Outro benefício relevante é a possibilidade de famílias desenvolverem suas atividades diárias sem exposição ao sol, com uma sensação térmica agradável por conta do sombreamento.
Se interessou pela cabruca?
O produtor interessado em aprender sobre a cabruca deve procurar um escritório da Emater no seu município para receber orientações necessárias para desenvolver essa atividade.
Marizita conta que a Emater pode auxiliar o agricultor interessado por meio de intercâmbio, assim como proporcionar o acesso ao crédito rural pelo Banpará-Bio, entre outras linhas de crédito.