Organizações que representam mais de 350 milhões de agricultores familiares e pequenos produtores rurais de todo o mundo publicaram na segunda-feira, 7/11, uma carta aberta aos líderes mundiais presentes na Conferência do Clima da ONU (COP27), com um alerta sobre o risco corrido pela segurança alimentar global caso os governos não aumentarem o financiamento de adaptação para a produção em pequena escala.
Como você lê aqui, no Brasil, a agricultura familiar está perdendo espaço para o agronegócio dos grandes produtores.
Pequenos produtores são responsáveis por até 80% dos alimentos consumidos em regiões como a Ásia e a África Subsaariana, mas representaram apenas 1,7% dos fluxos de financiamento climático em 2018.
As organizações alertam que secas extremas, inundações e ondas de calor já prejudicam as colheitas em todo o mundo.
Um exemplo prático da situação vivida pelos pequenos produtores de alimentos pode ser visto em São Paulo, onde a FGV mensurou o impacto do clima sobre pequenos produtores de 10 municípios do cinturão verde ao redor da capital paulista.
Nessa microrregião, o estudo constatou uma tendência de aumento de chuvas intensas extremas, um aumento considerável de dias secos ao longo do ano e um aumento consistente das temperaturas máximas e mínimas para ambas as variáveis.
“Os produtores em nossas redes alimentam milhões de pessoas e sustentam centenas de milhares de empregos, mas chegaram a um ponto de ruptura. É preciso haver um grande impulso no financiamento climático para garantir que os produtores de pequena escala tenham as informações, os recursos e o treinamento necessários para continuar alimentando o mundo pelas próximas gerações”, disse Elizabeth Nsimadala, presidente da Federação de Agricultores da África Oriental.
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