Base da alimentação dos paraenses, a mandioca tem um papel importante na produção de muitos agricultores familiares, principalmente nos municípios do sudeste do estado. Nos últimos 30 anos, porém, a espécie vem perdendo espaço para a pecuária e os grãos. A boa notícia é que uma série de estudos da Embrapa mostra que essa cultura pode ser reativada e gerar renda de forma sustentável.
As pesquisas mostram que a produção de mandioca na região geralmente é pequena, usa pouca tecnologia e não aproveita bem as grandes áreas que já foram modificadas pelo ser humano.Para reverter esse quadro é possível adotar boas práticas e tecnologias já testadas e aprovadas para a realidade local.
“Em todos os trabalhos conduzidos no sudeste paraense, observamos que a mandioca teve rentabilidade positiva, com elevados ganhos e renda ao produtor, tanto cultivada de forma solteira, no Trio da Produtividade, quanto consorciada com milho, seguido de feijão-caupi ou abóbora ou melancia, no Sistema Bragantino”, afirma o engenheiro agrônomo e analista da Embrapa Moisés de Souza Modesto Junior.
Ele e o pesquisador Raimundo Nonato Brabo Alves são autores do livro “Mandioca: rentabilidade de sistemas de produção na mesorregião Sudeste paraense”, que apresenta detalhes sobre os processos que podem ser adotados na mandiocultura, resultando em uma produção com mais valor agregado e também mais sustentável.
Práticas como a derrubada da floresta e a queima de capoeiras podem ser substituídas por tecnologias como o Trio da Produtividade. Nesse processo são combinadas três práticas: a seleção de manivas-semente, plantio em espaçamento definido e capinas durante os primeiros 150 dias após o plantio da mandioca, que garantem maior produtividade mesmo sem o uso de fertilizantes e sem queima.
Outra solução é o chamado Sistema Bragantino, que é uma estratégia para preparo do solo com fogo. A vantagem é realizar o cultivo em consórcio com outras espécies, permitindo a utilização contínua da mesma área com menos impactos ambientais e maior rentabilidade por área.
“Isso significa aumentar a média atual de 15 toneladas por hectare (t/ha) de raiz, considerada baixa, para até 55 t/ha, sendo este o potencial produtivo da cultura em condições ideais”, afirma Moisés Modesto.
A ideia é que com a adoção dessas tecnologias haja um incremento da renda familiar e aumento da produtividade da cultura na região, além da redução do desmatamento e da degradação provocados pela abertura de novas áreas de cultivo. Para conhecer mais sobre essas soluções, faça o download do livro neste link.