Cerca de 300 pessoas lotaram o Campo Experimental de Tomé-Açu para conhecer o kit clonal Cupuaçu 5.0, com as novas cultivares de cupuaçuzeiro desenvolvidas pela Embrapa, que apresentam alta produtividade e sanidade, com boa resistência à vassoura-de-bruxa.
O público queria ver de perto as novidades sobre o cultivo do cupuaçuzeiro com a utilização das BRS Careca, BRS Fartura, BRS Duquesa, BRS Curinga e BRS Golias, que compõe o kit clonal. Além de alta produtividade de frutos, amêndoas e polpa, as cultivares prometem uma safra mais escalonada, facilitando o escoamento da produção, com variedades precoces e tardias.
Dividido em cinco estações, o evento apresentou aos participantes as principais características e formas de propagação dos cinco clones.
Cidade é referência
Tomé-Açu é referência em Sistemas Agroflorestais (SAFs) e o cupuaçu, ao lado do cacau e do açaí, integra as frutíferas mais comuns e importantes na composição desse sistema, conforme explicou o secretário municipal de agricultura, José Alírio da Costa Tavares.
Segundo ele, os SAFs são sistemas produtivos que agregam benefícios sociais, econômicos e ambientais não apenas aos produtores do município, mas a todo o país.
“Os SAFs de Tomé-Açu são motivos de orgulho, mas também uma responsabilidade da secretaria em levar espécies de qualidade e genética superior aos produtores e por isso a parceria com a Embrapa é tão importante”, enfatizou.
Os SAFs também estão entre os modelos produtivos mais defendidos para a Amazônia, conforme explanou Walkymário Lemos, chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental.
Para o gestor, além de renda, segurança alimentar e qualidade de vida aos produtores, os SAFs são sinônimo de uma Amazônia produtiva e preservada.
“Os SAFs estão se provando cada vez mais como fornecedores de serviços ambientais com funções de controle e mitigação na emissão de gases de efeito estufa. É uma tecnologia com a cara da Amazônia, que produz, preserva com renda e qualidade de vida às populações amazônicas”, defendeu Lemos.
Ânimo para os produtores
Poder ver em campo o desempenho agronômico das novas cultivares de cupuaçu desenvolvidas pela Embrapa trouxe ânimo e esperança aos produtores de cupuaçu que tem seus pomares atacados pela vassoura-de-bruxa, a principal praga da cultura. Esse foi o relato do agricultor familiar Valdir Nascimento, morador da área rural de Tomé-açu e produtor em sistemas agroflorestais.
O produtor comentou que, durante toda a vida, trabalhou em áreas de outros produtores e que há poucos anos pode investir em suas próprias terras, mas estava preocupado com a baixa produtividade e pragas nos cupuaçuzeiros. No entanto, ao conhecer as novas cultivares e ouvir, de outros produtores, como foi possível recuperar os pomares por meio da substituição de copas, teve um fôlego de esperança e tem certeza de que o cupuaçu será um forte aliado na produção e renda da família.
O relato que animou esse produtor veio de outro agricultor da região, José Maria Amaral, que, em uma das estações do dia de campo, dividiu com os presentes sua experiência como produtor e apaixonado por cupuaçu. Com cerca de cinco mil árvores na propriedade, em SAF, ele contou que por meio das tecnologias da Embrapa recuperou três mil pés e conquistou uma produtividade dez vezes maior.
“O cupuaçu faz parte da minha vida e é muito importante para a minha família e todo o município”, garante o produtor.
Fonte: Kélem Cabral/Embrapa Amazônia Oriental