Bastante conhecido no Norte, o açaí é um dos orgulhos culinários do povo paraense. No processo de obtenção da sua polpa, as sementes são descartadas e, normalmente, são jogadas nos rios ou lixões. Entretanto, muitos estudos já vêm sendo desenvolvidos para verificar como aproveitar o fruto em sua totalidade.
Para os alunos de Tecnologia de Alimentos do Campus XVIII da Universidade do Estado do Pará (Uepa), localizado em Cametá, o caroço do açaí mostrou ter propriedades benéficas e pode ser reaproveitado para desenvolver uma variação de café, o “Café de Açaí”.
Eles participaram do projeto “Utilização do Caroço de Açaí na Elaboração de Bebida Composta à Base de Café”, que está incluído no grupo de pesquisa Tecnologia e Inovação para a Indústria de Alimentos (Tecinova).
O professor Diego Aires, líder do grupo de pesquisa e coordenador do curso de Tecnologia de Alimentos, encontrou uma oportunidade para elaborar um projeto que entendesse a fundo a produção da bebida, devido à variação ter se tornando popular com sua comercialização.
A pesquisa envolve a identificação dos compostos produzidos no caroço a partir do processo de torrefação, ou seja, avalia a identidade e qualidade do produto.
“Além disso, vamos analisar qual o nível de aceitação desse produto pelos potenciais consumidores e entender os benefícios que ele pode trazer ao consumidor, ou mesmo se há, em algum nível, presença de componentes antinutricionais da bebida e avaliar quais seriam suas implicações”, explicou.
Sem cafeína
Indícios mostram que a bebida é de origem paraense e surgiu no interior do Estado, por meio da produção de agricultores locais. A variação passa pelos mesmos processos de produção que o café que ingerimos no dia a dia. A diferença é que sua fabricação é feita a partir dos caroços da fruta, onde está concentrada a maior parte de seus nutrientes e possui muitos benefícios, como a regulação do intestino, o controle da hipertensão e diabetes, além de obter ação antioxidante e não possuir cafeína, tendo como público alvo as pessoas que não podem ingerir ou queiram diminuir a quantidade de consumo a substância.
A estudante Sandy de Melo, uma das participantes do grupo, enfatiza que o projeto é uma oportunidade, principalmente por colocar em prática o que está aprendendo e também por adquirir mais conhecimento ao decorrer da pesquisa.
“Eu já tinha ouvido falar dessa variação como uma alternativa para substituir o café, porém quando fui pesquisar, pude notar que não tem pesquisas aprofundadas, o que me fez ter ainda mais interesse no projeto”, disse.
Fonte: Vitória Reimão (Ascom/Uepa)